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De mãos beijadas: Banco do Brasil entregou carteira de R$ 3 bi para o BTG Pactual de Paulo Guedes

Publicado no Brasil de Fato em 16 de julho

Paulo Guedes

Por Daniel Valença*

Em “estranha” movimentação ocorrida no dia primeiro de julho deste ano, o Banco do Brasil cedeu uma carteira com 3 bilhões em créditos “perdidos”, isto é, em que os empréstimos concedidos são considerados difíceis de serem quitados.

Um exemplo nos ajuda a entender a questão: vamos supor que o BB tenha emprestado R$ 30 mil para um de seus clientes. Receando não receber o pagamento, o Banco do Brasil vende os direitos de crédito contra os tomadores de empréstimo por R$ 3 mil. Daí o banco comprador da carteira, por meio de investigação, consegue reaver R$ 10 mil, resultando num lucro de R$ 7 mil.

Na prática, por R$ 371 milhões, o banco BTG Pactual se tornou credor de quase 10 vezes o preço que pagou, podendo, em cima desse crédito, ter lucros gigantescos.

Mesmo tendo sido uma operação de valor e tamanho inéditos no mercado financeiro brasileiro, não se tem notícia de nenhum processo licitatório pela carteira. Suspeito, para dizer o mínimo.

Mais estranho ainda é que, coincidentemente ou não, a dinheirama foi arrebatada pelo banco fundado por ninguém menos que Paulo Guedes, que – vejam só – foi quem indicou o presidente do Banco do Brasil.

Mandatário este que, assim como o ministro da “granada no bolso dos servidores” que o nomeou, defende a privatização do banco público que preside.

Ou seja, além de ir sorrateiramente privatizando riquezas públicas, este governo ainda beneficia os amigos do Chicago Boy. Para os bancos privados, tudo, para amplas massas da população, “trabalhem”, senão vira “vida boa”.

Precisamos, portanto, construir a política oposta: se, neste governo, o Estado está totalmente voltado para aumentar os lucros do rentismo e espoliar as classes trabalhadoras, precisamos construir um projeto político da classe trabalhadora, que oriente o Estado para as amplas massas e exproprie o rentismo e as classes possuidoras.

Movimento sindical, movimento feminista, movimento negro, sem terra e sem teto, os partidos de trabalhadores, as mais diversas das frações das classes trabalhadoras – aqueles e aquelas que vivem do seu trabalho – devem construir uma ampla frente de esquerda que tenha uma premissa: para salvar vidas, fora Bolsonaro e fora Mourão; que a classe trabalhadora possa exercer seu direito ao isolamento e que os quase 200 mil milionários brasileiros paguem a conta da luta contra a pandemia.

*Daniel Valença é professor da graduação e mestrado em Direito da UFERSA, Vice-Presidente do PT/RN, e associado do IPDMS (GT – Direito e Marxismo)

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