
O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) deve assumir a Secretaria-Geral da Presidência após articulação no governo Lula e já intensifica sua atuação como voz da esquerda no Congresso e nas redes sociais. A possível substituição de Márcio Macêdo, alvo de críticas internas pela baixa mobilização de movimentos sociais, fortalece a estratégia de Lula de aproximar a militância do Planalto. As informações são de O Globo.
Derrotado por Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2024, Boulos adotou durante a campanha um tom mais moderado para dialogar com o eleitorado de centro. Após o pleito, porém, voltou a assumir bandeiras de esquerda, como a defesa do fim da escala 6×1 e a articulação pela aprovação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.
Nas redes sociais, o deputado tem se aproximado de trabalhadores de aplicativos, setor visto como decisivo em 2026. Em um vídeo sobre o iFood, ligou a controladora do app, a Prosus, ao apartheid sul-africano e ao bilionário Elon Musk. A fala gerou repercussão e ampliou sua visibilidade entre camadas populares, além de consolidar sua imagem combativa contra grandes corporações.

Boulos também reforçou ataques a adversários da direita. Recentemente, confrontou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) citando a prisão de um primo dele por tráfico de drogas. Em São Paulo, mira o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticando escândalos como o “propinão” na Secretaria da Fazenda e seu alinhamento com Jair Bolsonaro.
O parlamentar esteve ainda à frente das críticas contra a PEC da Blindagem, participando do ato na Avenida Paulista que reuniu mais de 42 mil pessoas e ajudou a enterrar o projeto no Senado. No entorno de Lula, a avaliação é de que sua presença mobilizadora pode ser um ativo estratégico no ministério, sobretudo em pautas de engajamento popular.
A possível nomeação de Boulos ocorre em meio à disputa de espaço no governo. O PT já cogitou nomes como Marcelo Freixo para outros ministérios, mas interlocutores apontam que Lula vê no deputado do PSOL um elo importante com os movimentos sociais, além de um quadro que pode ampliar o diálogo da esquerda com setores decisivos para 2026.