De novo, o factoide Datena. Por Luis F. Miguel

Atualizado em 22 de dezembro de 2023 às 10:48
Datena filiou-se ao PSB. (Foto: Reprodução)

José Luiz Datena filiou-se ao seu décimo partido (em 8 anos) e agora aparece como candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Tabata Amaral.

Faz tempo, toda pré-eleição é assim. Datena faz uma onda, entra num novo partido, vai ser candidato a algum cargo majoritário – na cabeça de chapa ou na vice – e na hora H dá pra trás.

Já esteve no PT, já esteve no PSL com Jair Bolsonaro, já esteve em todo o canto. Agora está no PSB. Seu compromisso com o “socialismo” que está no nome do partido certamente é quase tão forte quanto o dos padrinhos de sua filiação: Geraldo Alckmin, Márcio França, Tabata.

O interessante é a lógica política por trás da pretensa chapa.

Tabata faz o papel de boa moça, certinha, esforçada. Liberal e privatista, sim, mas preocupada com os pobres e sempre “politicamente correta”. Fala da infância sofrida e milita a favor da saúde mental. É o oposto da “radical”. É a terceira via de banho tomado.

Datena é o troglodita. O jornalista fanfarrão, que lucra com o mundo cão, destila preconceitos, aplaude a brutalidade e não recua diante da calúnia e da mentira.

O sorriso de Tabata ao lado de Datena é um emblema da hipocrisia política.

Datena ao lado de Tabata Amaral. (Foto: Reprodução)

Não que a deputada de Lemann esteja sozinha nisso. No começo do ano, Datena insinuava ser vice não dela, mas de Boulos.

Hoje, o lulista Boulos disputa com o bolsonarista Nunes o apoio de Marta Suplicy.

Marta, a ex-petista que apoiou o golpe contra Dilma, saudou Temer e seus retrocessos como “governo de união nacional [que] conseguirá resgatar a esperança e a autoestima dos brasileiros”, declarou aos jornais que nunca foi de esquerda – e que agora Lula que refiliar ao partido para fazer dela vice-prefeita de São Paulo.

A política não é isso. Isso é a política reduzida ao cálculo eleitoral imediato.

Originalmente publicado no Facebook do autor

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Luís Felipe Miguel
Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Demodê - Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.