De olho em fuga, Carluxo bajula ditador da Hungria

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 7:07
O vereador Carlos Bolsonaro. Foto: Sergio Lima/AFP

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) publicou nas redes sociais uma mensagem de agradecimento e bajulação ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, conhecido por seu perfil autoritário e por restringir liberdades civis e de imprensa em seu país. Orbán está no poder desde 2010, após um primeiro mandato entre 1998 e 2002, e é um dos principais aliados ideológicos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A manifestação de Carlos ocorreu após um encontro entre Orbán e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), realizado em Washington, nos Estados Unidos, onde o filho “03” do ex-presidente está fugido desde o início de 2025, quando deixou o Brasil durante as investigações da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado contra seu pai.

O premiê húngaro publicou no X uma mensagem de apoio à família Bolsonaro, classificando-os como vítimas de “perseguição política”. “Encontrei-me com Eduardo Bolsonaro em Washington. Apoiamos firmemente os Bolsonaro nestes tempos difíceis, amigos e aliados que nunca desistem. Continuem lutando: perseguições políticas não têm lugar na democracia, a verdade e a justiça devem prevalecer”, escreveu Orbán.

Pouco depois, Carluxo compartilhou a publicação e respondeu com elogios ao ditador húngaro, afirmando que ele e a família permanecem unidos “apoiando o pai”, preso em regime residencial desde setembro de 2025 por crimes relacionados à tentativa de golpe.

“Primeiro-ministro Viktor Orbán, agradecemos mais uma vez a sua consideração para com meu irmão, que foi perseguido e agora vive exilado do Brasil. Permanecemos unidos aqui, apoiando nosso pai, que continua ilegalmente preso e sujeito a constantes torturas”, escreveu o vereador em seu perfil.

Carlos ainda acrescentou uma mensagem pessoal, reforçando a deferência ao premiê: “Permita-me enviar-lhe um caloroso abraço em nome dele. Desejamos-lhe sucesso e agradecemos profundamente a sua atenção e gentileza para com a nossa família”.

A afinidade entre a família Bolsonaro e Viktor Orbán não é nova. O líder húngaro já havia se encontrado com Jair Bolsonaro em 2022, quando os dois promoveram discursos com pautas ultraconservadoras e ataques a instituições democráticas.

No ano seguinte, Orbán ofereceu refúgio ao ex-presidente na embaixada da Hungria em Brasília, quando as investigações da Polícia Federal se intensificaram.

O gesto gerou crise diplomática entre os dois países e foi interpretado por autoridades brasileiras como uma tentativa de obstrução da Justiça.

Orbán é um dos principais expoentes do populismo autoritário na Europa e é frequentemente criticado por organizações internacionais por violações à liberdade de imprensa, ataques ao judiciário e perseguição a opositores políticos.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.