De refugiado de guerra a comandante da Croácia no Catar: conheça Luka Modric

Atualizado em 13 de dezembro de 2022 às 15:38
Luka Modric, o melhor jogador da história da Croácia. Foto: Hector Vivas – FIFA

Atual vice-campeã mundial e novamente disputando uma semifinal de Copa do Mundo, a Croácia chega para o jogo desta terça-feira (13) contra a seleção da Argentina, às 16h, após a vitória nos pênaltis contra o Brasil, em partida que decretou o fim da era Tite sob o comando do time da CBF.

Boa parte do sucesso croata deve ser creditado ao seu meio-campo Luka Modric, que, aos 37 anos, consolida-se como o maior jogador da história de seu país, existente como república independente desde 1991.

A luta pela independência da Croácia é um fato marcante na vida do atleta: aos 6 anos ele teve seu avô assassinado na frente da casa onde moravam em uma ofensiva Sérvia. Seu pai era mais um dentre os milhares de soldados que combatiam na guerra que durou entre março de 1991 e novembro de 1995.

O avô, de quem Luka herdou o nome, era o familiar mais próximo do franzino garoto que tinha no futebol sua maior fonte de distração em Zatar, sua cidade natal. Sua morte fez com que a família procurasse abrigo no campo de refugiados em Makarska, a 200km de distância. Pouco tempo depois, a casa na qual viveu sua infância foi destruída.

A família e casa de Modric sofreram nas mãos de milícias sérvias : seu avô foi assassinado e a casa, destruída. Reprodução

“O meu coração se parte cada vez que eu penso no meu avô morrendo, literalmente na frente de casa”, contou Modric em sua biografia.

A vida de refugiado de Luka quando criança durou sete anos, sempre vivendo em locais com condições precárias, com constantes faltas de água e energia elétrica.

Apesar da vitória croata no conflito, mais de 20 mil cidadãos do país foram mortos e a economia do país foi duramente atingida. Tal episódio ajudou a forjar a personalidade de Luka:

“A guerra me fez mais forte. Foram tempos muito duros e muito dolorosos, não só para mim, mas para toda a minha família, amigos e toda a Croácia”, disse Modric quando ainda defendia o Tottenham. “Não quero viver aquilo de novo nunca mais, mas também não quero esquecer. Afinal, aquilo tudo me fez ser a pessoa que sou hoje. Hoje sou alguém muito mais forte e pronto para enfrentar tudo.”

Aos 12 anos ele foi rejeitado na peneira do seu clube de coração, o Hadjuk Split, por sua condição física, considerada insuficiente pelos observadores do time. Sua carreira no futebol tem início aos 16, quando o Dínamo Zagreb, o mais popular e maior campeão da liga croata, o contrata.

No Dínamo ele jogou nas categorias de base e de lá foi emprestado para jogar na Bósnia, mais um dos países tornados independentes após a dissolução da Iugoslávia. No Zrinjski Mostar, ele se destaca como melhor jogador da temporada 2004-2005 e retorna para a Croácia, para atuar no Inter Zaprešić, que contando com o atleta obteve o vice-campeonato do país.

Suas atuações o credenciaram a retornar para o Dínamo, time pelo qual foi campeão tanto do campeonato quanto da copa nacional na temporada 2007-2008. Apesar do contrato de 10 anos, no quarto ano ele saiu do clube para jogar no Tottenham por £16.5 milhões, transformando-se na transferência mais cara da história da liga croata até então.

Quatro anos depois, a consagração: o Real Madrid, tido como maior clube do mundo, o contrata. Desde 2012 seu futebol está a serviço dos merengues, time pelo qual já levantou 20 troféus: 5 Champions League, 4 Mundiais de Clubes, 3 Supertaças da Europa, 3 Ligas, 4 Supertaças de Espanha e uma Taça do Rei.

Modric pelo Real Madrid, clube pelo qual atua desde 2012. Foto: Divulgação

Pela seleção de seu país, por coincidência, Modric estreou em 2006 em uma vitória por 3 a 2 contra a mesma adversária desta tarde, a Argentina. Desde então, foram 159 jogos oficiais pela seleção, com 23 gols marcados ao todo, sendo 2 em Copas do Mundo, torneio pelo qual tem 16 partidas, entre elas uma final, em 2018, perdida para a França de Mbappé e companhia.

Apesar da derrota de sua seleção, seu mérito na Rússia foi reconhecido pelo mundo do futebol, que o consagrou como o melhor jogador do mundo naquele ano.

Um camisa 10 clássico, apesar de destro, excelente articulador, incansável no meio-campo, é considerado o motor dos times onde atua.

Para uma criança forjada na guerra, enfrentar o time de Lionel Messi não parece ser um desafio assustador.

Veja abaixo alguns lances que mostram o porquê de Modric ser considerado hoje um dos melhores jogadores do mundo em atividade:

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