De volta às origens: ato do dia 26 é flashback da reunião neonazista pró-Bolsonaro de 2011. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de maio de 2019 às 9:45
Ato de neonazistas no Masp em 2011 em prol de Bolsonaro

A manifestação golpista de apoio a Bolsonaro marcada para o dia 26 é uma espécie de retorno às origens.

Desde 2011, pelo menos, Bolsonaro vem recebendo amplo apoio de neonazistas. 

Em abril daquele ano, um grupo capitaneado pelo movimento supremacista White Pride World Wide convocou um “ato cívico” em seu nome no vão livre do Masp.

“Vamos dar o nosso apoio ao único deputado que bate de frente com esses libertinos e comunistas!!! Será um ato cívico, portanto, levem a família, esposas, filhos e amigos”, diziam mensagens dos integrantes na internet.

Atualíssimo.

A diferença é que trocaram as roupas pretas pelo uniforme da CBF.

Num artigo no New York Times sobre o presidente do Brasil, Federico Finchelstein, historiador e professor nos EUA, aponta que uma marca do fascismo é o “líder messiânico que sabe tudo e fala pelo que chama ‘povo’”, mas que na realidade é um bando “constituído apenas por seus seguidores”.

O Uol deu matéria sobre o ato ocorrido há oito anos:

Uma manifestação de apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) está sendo convocada na internet para o próximo sábado (9), às 11h, no vão do Masp, em São Paulo. O protesto, batizado de “ato cívico”, está sendo divulgado em rede sociais como o Orkut e no fórum “Stormfront.org”, administrado pelo movimento neonazista “White Pride World Wide”.

No fórum, o tópico utilizado para divulgar a manifestação foi aberto ontem e apagado hoje, mas o cache do Google que indexa as páginas apagadas registrou as mensagens.

A convocatória, publicada por um membro denominado “Erick White”, diz: “Vamos dar o nosso apoio ao único Deputado que bate de frente com esses libertinos e Comunistas!!! Será um manifesto Cívico, portanto, levem a família, esposas, filhos e amigos… (sic)”.

O autor finaliza a mensagem com os números “14/88”, simbologia nazista que faz referência a Adolf Hitler e ao nacionalista norte-americano David Lane, defensor do mito da supremacia branca.

No Orkut, onde não há referências racistas ou nazistas explícitas, o ato foi divulgado em comunidades de apoio a Bolsonaro. São elas: “Sou fã do dep. Jair Bolsonaro”, com 4.086 membros; “Jair Bolsonaro para Presidente” (2.469 membros); “Bolsonaro é o cara” (71). Entre todas as comunidades no Orkut sobre o deputado, as três mais numerosas demonstram apoio a Bolsonaro.

As recentes polêmicas envolvendo o parlamentar começaram com um quadro do programa humorístico “CQC” exibido no último dia 28. Nele, a cantora Preta Gil perguntou ao deputado: “se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?”

A resposta, considerada racista por Preta Gil e por colegas de Bolsonaro no Congresso Nacional, foi a seguinte: “ô, Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu”.

O deputado afirmou que se confundiu com a série de perguntas feitas no quadro e não se referiu aos negros em sua resposta.

Desde o episódio, Bolsonaro deu uma série de entrevistas nas quais fez criticas a homossexuais e elogios à ditadura militar.

Neonazistas no Masp em 2011 em apoio a Bolsonaro