Debate final sinaliza tendência de duelo entre Boulos e Marçal no 2° turno

Atualizado em 4 de outubro de 2024 às 6:40
Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB), os três principais candidatos à prefeitura de São Paulo. Foto: reprodução

O debate final da eleição à Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Globo na noite de quinta-feira (3), projetou os confrontos entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) e o empresário bolsonarista Pablo Marçal (PRTB), ambos considerados favoritos para avançar ao 2º turno da eleição na capital paulista.

A discussão também colocou o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), em uma posição desconfortável diante dos sucessivos ataques de seus adversários.

Antes do debate, a pesquisa Datafolha indicou uma oscilação positiva para Boulos, que chegou a 26%, um crescimento para Marçal, com 24%, e uma queda para Nunes, que ficou com 24%. Os três candidatos se encontram em um empate técnico, mas os bastidores já trabalham com a hipótese de que o psolista e o candidato do PRTB possam se destacar no 1º turno, marcado para o domingo (6/10).

Durante o debate, Nunes se tornou o principal alvo dos ataques, mostrando-se confuso em algumas respostas e passando grande parte do tempo na defensiva, sem conseguir comunicar claramente sua mensagem aos eleitores.

Até nas considerações finais, o prefeito precisou usar alguns minutos para explicar o boletim de ocorrência de violência doméstica registrado por sua esposa em 2011. No debate anterior, Marçal havia levantado o tema 10 vezes, sem que Nunes desse uma resposta.

Debate Globo em SP: encontro tem discussão de propostas e momentos quentes entre Boulos e Marçal
Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena (PSDB) no estúdio da TV Globo — Foto: Bob Paulino/TV Globo

Dessa vez, Marçal mencionou o caso apenas uma vez, ao tentar se esquivar da acusação feita por Boulos de que ele “tem desprezo pelas mulheres” — o influenciador tem um histórico de declarações machistas e enfrenta grande rejeição do eleitorado feminino.

Em sua fala final, Nunes afirmou que o boletim de ocorrência foi resultado de um “desentendimento” durante um período em que ele esteve separado da esposa e negou qualquer agressão.

Nunes também foi criticado pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que adotou um tom mais contundente do que nos debates anteriores, atacando todos os candidatos, com exceção de José Luiz Datena (PSDB). O apresentador, por outro lado, mostrou dificuldade para impor suas pautas e adotou uma postura menos agressiva em relação a Nunes e Marçal, dois adversários que ele costuma criticar duramente.

Boulos x Marçal

No início do debate, Boulos e Nunes seguiram a estratégia de ignorar Marçal, evitando direcionar perguntas ao influenciador. No primeiro bloco, por exemplo, Marçal foi o último a perguntar, conforme determinado por sorteio, enquanto Datena, penúltimo, teve a tarefa de questioná-lo.

Marçal começou o debate com um tom mais suave em relação aos encontros anteriores, focando em suas propostas e se posicionando como o único candidato que faz campanha “sem dinheiro público” e sem tempo de televisão, uma vez que seu partido não tem direito ao fundo eleitoral e à propaganda eleitoral gratuita.

Opinião: No debate da Globo, foi Boulos quem tirou Marçal do sério
Marçal e Boulos; debate da Globo foi marcado pelo confronto entre os dois. Foto: reprodução

A situação mudou no terceiro bloco, quando Boulos teve que direcionar uma pergunta a Marçal, o que deu início ao confronto mais intenso do debate. Pouco antes, o influenciador havia se referido ao deputado do PSol como “extremista” em uma interação com Datena.

Boulos respondeu: “Estou achando muito esquisito esse perfil que o Marçal apresentou aqui, de lobo em pele de cordeiro. O Marçal acusar alguém de extremista é igual a Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato.” Em seguida, Boulos questionou a presença de ex-secretários do ex-prefeito João Doria na campanha de Marçal, enquanto o influenciador tenta associar o nome de Doria, que possui alta rejeição, a Nunes.

 

 

Publicado por @noticiasnoface
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Marçal rebateu chamando Boulos de “socialista de iPhone,” criticou o repasse de R$ 30 milhões do fundo eleitoral do PT à campanha do psolista e provocou o deputado por evitar questioná-lo diretamente em outras oportunidades. “Você não tem coragem de fazer pergunta pra mim.”

Boulos ironizou: “Agora o lobo está aparecendo.” Com o tom elevado, o deputado do PSol explorou uma antiga declaração de Marçal sobre a relação entre a capacidade intelectual de homens e mulheres e o tamanho de seus cérebros, classificando-a como “horrorosa.” E lançou: “Por que você odeia tanto as mulheres?”

Marçal, por sua vez, reagiu duramente, dizendo que era “papinho de esquerdopata maluco” e chamou Boulos de “depredador.” O influenciador finalizou sua fala voltando ao ataque contra Nunes, referindo-se ao boletim de ocorrência de ameaça feito pela primeira-dama Regina Nunes em 2011: “Quem não gosta de mulher é quem tem boletim de ocorrência por agressão contra a mulher.”