
Prestes a estrear como apresentadora do reality show “Terceira metade”, no Globoplay, Deborah Secco afirma nunca ter vivido um relacionamento a três, apesar de já ter se envolvido com mulheres.
Em entrevista concedida ao jornal O Globo, a atriz de 45 anos comentou que chegou ao programa “se achando supermoderna” e saiu se sentindo “careta”. O reality estreia no dia 18 de julho e propõe acompanhar casais que buscam uma terceira pessoa para a relação, tema que Deborah trata com naturalidade: “É preciso abrir o olhar para uma ética diferente da nossa. Eu sou zero preconceitos”.
Com mais de três décadas de análise, Deborah contou que começou a fazer terapia aos 12 anos, a pedido do diretor Daniel Filho, e que hoje compreende melhor os próprios impulsos. “Aprendi rápido a ouvir o que é do ego e o que é da alma”, disse. Sobre a monogamia, ela revelou viver uma relação com acordos claros com o atual namorado, o produtor musical Dudu Borges. “Hoje, o acordo é a monogamia. Amanhã pode ser outro, não sou contra nada”, afirmou. “Não quero mais um relacionamento de mentira, para ter medo e me sentir oprimida.”
Ao longo da entrevista, a atriz também abordou temas como sexo, feminismo, prazer e a criação da filha Maria Flor, de 9 anos.
Deborah criticou a cultura que ensina mulheres a fingirem prazer e disse que demorou para desmistificar isso. “Fomos treinadas para fingir que gozamos”, contou. Apesar das críticas que sofre, inclusive de outras mulheres, reforça: “As pessoas não estão preparadas para essa conversa”. Ela também defendeu o direito ao aborto e educação sexual nas escolas como forma de prevenir abusos e gravidezes indesejadas.
Sobre sua trajetória, Deborah relembrou a urgência com que foi criada após a morte da irmã, aos cinco anos, o que a moldou como uma pessoa intensa e marcada por extremos. “Ou comia tudo, ou não comia nada. Ou falava tudo, ou me calava”, descreveu.
A atriz contou que essa intensidade também influenciou seus relacionamentos afetivos e que buscava, inconscientemente, repetir padrões de abandono semelhantes à ausência do pai após a separação dos pais. Hoje, ela tenta romper esse ciclo com Maria Flor: “Quando você tiver um namorado que te machuque, vá embora. Não importa quantos sejam”.
Deborah também comentou sua relação com a política, dizendo que acompanha os acontecimentos, mas com dificuldade diante do cenário polarizado. “A gente precisa de um caminho do meio, porque essa polarização só traz danos. Nada que gera ódio pode ser bom”, afirmou. Em um dos poucos momentos em que falou sobre si de forma mais leve, compartilhou suas leituras atuais, incluindo “Caderno proibido”, de Alba Céspedes, e “O pequeno príncipe”, que relê com a filha.