Defesa ataca delação de Cid, nega tudo sobre golpe e diz que Bolsonaro “foi dragado” ao 8/1

Atualizado em 3 de setembro de 2025 às 12:10
Advogado de Bolsonaro diz que ex-presidente não atentou contra o Estado democrático de direito | Jornal Correio
Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, durante o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3). Foto: Reprodução

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (3), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente “não atentou contra o estado democrático de direito” e “não há uma única prova” que o ligue à trama golpista ou aos atos do 8 de Janeiro. O criminalista Celso Vilardi sustentou que Bolsonaro foi “dragado” ao episódio e sempre atuou dentro da lei.

Vilardi concentrou sua fala em atacar a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Para a defesa, a delação teve “vício de vontade” e não poderia ser usada como base do processo.

“Ele apresentou uma versão e alterou essa versão. Ele mudou a versão várias vezes. E isso não sou eu que estou dizendo, é, na verdade, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, no último relatório de novembro, quando se disse que ele tinha inúmeras omissões e contradições”, declarou.

Segundo o advogado, a proposta feita a Cid “não existe em nenhum lugar do mundo”. “O que se propõe é reconhecer uma falsidade parcial da delação, ainda assim diminuir a pena”, criticou.

“A senha e o perfil estão colocados no celular dele que foi apreendido lá atrás, não é de agora. Então, a prova que ele usou isso, ela é absolutamente indiscutível, se vão fazer investigação para punir alguém, isso eu não sei. Agora, o que mostra isso? Que esse homem não é confiável, que esse homem não é confiável.”

“Nenhuma prova” contra Bolsonaro

O defensor rejeitou qualquer relação entre Bolsonaro e as operações citadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), como Punhal Verde Amarelo ou Luneta. “Esse papel, essa minuta, essa questão, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente a Punhal Verde Amarelo, a Operação Luneta e ao 8 de Janeiro”, afirmou Vilardi.

Ele acrescentou que nem mesmo o delator sustentou essa acusação. “Aliás, nem o delator — que eu sustento que mentiu contra o presidente da República —, nem ele chegou a dizer [que houve] participação em Punhal, em Luneta, em Copa, em 8 de Janeiro. Nem o delator [diz], não há uma única prova.”

Questionamentos às provas da investigação

Vilardi também atacou o material reunido pela Polícia Federal, chamando-o de inconsistente. “A pergunta que se faz é: que prova é essa? É o recorte de trechos de conversas de WhatsApp, documentos como um papel, uma agenda, que foram localizados em computadores. São dezenas e dezenas e dezenas de celulares”, declarou.

Além disso, ironizou a versão da PGR sobre a minuta golpista. “Chega a ser pueril imaginar que Bolsonaro foi aos EUA, voltou e deixou uma minuta na mesa”, disse o advogado.

A defesa também questionou a cronologia apresentada pela Procuradoria, que relaciona o crime de tentativa de golpe a uma live em que Bolsonaro atacou urnas eletrônicas. Para Vilardi, essa interpretação não se sustenta.