Defesa de Bolsonaro pede laudo médico para provar “surto” no caso da tornozeleira

Atualizado em 26 de novembro de 2025 às 18:44
Tornozeleira eletrônica de Bolsonaro danificada. Foto: Divulgação

A defesa de Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (26) que solicitará uma declaração formal da médica responsável para atestar os efeitos dos medicamentos utilizados pelo ex-presidente, como pregabalina e sertralina. Com informações do g1.

Esses medicamentos foram mencionados por Bolsonaro em sua audiência de custódia, onde ele alegou ter passado por um “surto” ao violar sua tornozeleira eletrônica. A versão apresentada pela defesa difere daquela dada por Bolsonaro na madrugada do episódio, quando ele disse à diretora do CIME (Centro Integrado de Monitoração Eletrônica), Rita Gaio, que havia tentado abrir o dispositivo “por curiosidade”.

Foi apenas na audiência de custódia que ele passou a atribuir o ato a uma “alucinação”. O incidente da violação da tornozeleira foi classificado como grave por autoridades, com perícia confirmando o uso de material de soldagem no dispositivo.

Essa violação foi um dos principais fundamentos utilizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para revogar a prisão domiciliar de Bolsonaro e ordenou sua transferência para a Superintendência da Polícia Federal. A medida aconteceu em meio a investigações sobre a tentativa de golpe e outros crimes relacionados.

O ex-presidente Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal. Foto: Reprodução

Apesar de a prisão de Bolsonaro não estar diretamente ligada à condenação pela trama golpista, a defesa agora se prepara para apresentar um novo recurso ao STF até sexta-feira (28).

A estratégia é ingressar com um embargo infringente, mesmo que as chances de sucesso sejam mínimas, uma vez que o julgamento na Corte já foi concluído. O objetivo, no entanto, é garantir mais elementos para contestar o processo no futuro, buscando enfraquecer as alegações que resultaram em sua condenação.

Ademais, a defesa de Bolsonaro planeja, no médio prazo, apresentar uma ação de revisão criminal ao STF, visando anular todo o caso. Essa ação seria analisada por um relator diferente, uma vez que o Moraes, responsável pela decisão que resultou na prisão de Bolsonaro, não poderia se envolver no caso devido à natureza da revisão.

Além disso, a equipe jurídica do ex-presidente também estuda recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, caso a estratégia de apelação no STF não obtenha êxito. A defesa tenta ampliar os canais de contestação, acreditando que essa abordagem internacional pode oferecer uma alternativa diante do sistema judicial brasileiro.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.