Rodrigo Tacla Durán e o Ministério Público Federal divergem quanto às razões de não ter sido realizada a oitiva do advogado brasileiro em Madri, como haviam solicitado três procuradores brasileiros — Orlando Martello, Roberson Pozzobon e Júlio Noronha — em nome da força-tarefa da Lava Jato.
Hoje, o DCM publicou o ofício em que os procuradores pediram à justiça espanhola condições para realizar a oitiva. Foi marcada para o dia 4 de dezembro do ano passado, mas os procuradores não compareceram.
Na ocasião, segundo a ata da audiência, reproduzida na semana passada pelo site de extrema-direita O Antagonista sob o selo “exclusivo”, Tacla Durán respondeu ao juízo que não prestaria depoimento.
Segundo o advogado dele, foi uma resposta formal, já que não havia interrogadores presentes nem perguntas encaminhadas a serem feitas. O juiz teria perguntado se ele gostaria de se manifestar, e Tacla Durán disse que não.
Com base nisso, o site de extrema-direita O Antagonista registrou que o Ministério Público Federal não tomou depoimento do ex-advogado da Odebrecht porque ele se recusou a falar.
O DCM procurou o Ministério Público Federal no Paraná e recebeu a seguinte nota, já publicada:
“No segundo semestre de 2017, após a fuga de Rodrigo Tacla Duran para a Espanha, a Força-tarefa Lava Jato formalizou pedido de cooperação internacional com a finalidade interrogá-lo em território espanhol. Antes que o ato pudesse ser realizado, contudo, Rodrigo Tacla Duran manifestou expressamente às autoridades espanholas que não prestaria declarações às autoridades brasileiras, socorrendo-se de seu direito de permanecer em silêncio na condição de investigado. Por este motivo, não houve o deslocamento dos procuradores até a Espanha.”
A defesa de Tacla Durán voltou a entrar em contato para dizer que esta versão não corresponde aos fatos.
Tacla Durán foi intimado no dia 8 de novembro do ano passado, para comparecer à audiência com os procuradores brasileiros no dia 4 de dezembro.
Ele compareceu, como registra a ata. Os procuradores, não.
Até esta data, insistiu a defesa, não havia manifestação de Tacla Durán sobre o pedido de depoimento dos procuradores brasileiros.
“Portanto — insistiu o advogado –, não é verdadeiro que Tacla Durán disse que não prestaria declarações às autoridades brasileiras, como diz a nota do Ministério Público Federal.”
A favor de Tacla Durán, ele encaminhou a ordem do juiz espanhol que determinou a intimação do seu cliente, em que está registrado que os procuradores brasileiros deveriam ser comunicadas.
O DCM voltou a procurar o Ministério Público Federal no Paraná, mas ainda não recebeu retorno.
O MPF fez questão de destacar que não vazou os documentos para O Antagonista, que o publicou como informação “exclusiva”.