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A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), partiu para o ataque contra o ministro Alexandre de Moraes no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3). O advogado Matheus Mayer Milanez pediu a absolvição de seu cliente e sustentou que Heleno se afastou de Jair Bolsonaro (PL) após a aproximação do ex-presidente com o Centrão.
Em sua manifestação, Milanez criticou diretamente Moraes, alegando que o relator adotou uma postura ativa no processo. Ele contestou o fato de o ministro ter lido todas as 302 perguntas destinadas a Heleno, mesmo depois de o general afirmar que responderia apenas às questões da própria defesa.
“Qual a função da consignação das perguntas se não o constrangimento do interrogado? E aqui mais curioso: o Ministério Público não quis consignar perguntas. Quem quis consignar perguntas foi o juiz”, disse o advogado do militar.
Milanez também acusou Moraes de extrapolar seu papel ao interrogar testemunhas sobre postagens em redes sociais. “Qual o papel do juiz julgador? Ou é o juiz inquisidor? O juiz é o imparcial, o juiz é o afastado da causa”, afirmou. Para ele, esse comportamento compromete a isenção do julgamento.
Juiz pode produzir provas? A defesa mostrou que o inquisidor utilizou pesquisas EM REDE SOCIAL pra questionar certas coisas. Seria esse o motivo de tentarem feito doidos censurarem a internet? pic.twitter.com/eZ1nX19Tpd
— O Sóciotário (@osociotario) September 3, 2025
Tentativa de afastar Heleno de Bolsonaro
Na tentativa de afastar Heleno do “núcleo crucial” da trama golpista, a defesa ressaltou que o general perdeu espaço no governo Bolsonaro depois que o ex-presidente se filiou ao PL e abriu espaço para o Centrão.
“Ele [Heleno] sempre se posicionou contra a política tradicional. Esse posicionamento claro, desde o início do mandato, se intensificou quando Bolsonaro se aproximou do Centrão e se filiou ao PL. Isso gerou um afastamento de Heleno da cúpula do poder”, afirmou Milanez.
O advogado reforçou que testemunhas de defesa e acusação confirmaram essa perda de influência: “O general Heleno foi uma figura política importante tanto para a eleição quanto para o governo, mas este afastamento é comprovado, este afastamento da cúpula decisória”.
Reunião ministerial
O advogado comentou, ainda, falas de Heleno em uma reunião ministerial realizada em julho de 2022, apontada pela PGR como uma das provas de articulações golpistas.
Na ocasião, o ex-ministro de Bolsonaro afirmou: “Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Milanez pontuou que o que o general quis dizer é que “após as eleições, não tem discussão”.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, afirmou Augusto Heleno no encontro.
Milanez disse que, por ser uma reunião fechada, “a dosagem de palavras não era necessária”. Além disso, a defesa do militar afirmou que as declarações são “republicanas” porque demonstram que o general tinha consciência de que, depois das eleições, não haveria “discussão”.
A argumentação do advogado de Auguto Heleno chega a ser engraçada. Segundo ele, o general foi "republicano" ao dizer que teria de ser "feito algo" antes das eleições tendo lido o trecho de Heleno dizendo exatamente o oposto, dizendo que teria de "virar a mesa". Inacreditável. pic.twitter.com/WurSvItesM
— William De Lucca (@delucca) September 3, 2025
Acompanhe o julgamento: