Defesas avaliam que penas “exageradas” contra Bolsonaro devem gerar novas sanções de Trump

Atualizado em 12 de setembro de 2025 às 11:49
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Advogados de réus da trama golpista avaliam que o tom “pouco cerimonioso” adotado por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a condenação de Jair Bolsonaro (PL), marcado por piadas e “clima de compadrio”, pode estimular o governo de Donald Trump a adotar novas sanções contra autoridades da Corte, conforme a coluna Painel, da Folha de S.Paulo.

As defesas também acreditam que as penas consideradas “exageradas”, aplicadas inclusive a réus idosos e com previsão de regime fechado, devem intensificar a pressão internacional. Para os defensores, o STF “subiu o tom demais” em resposta ao voto divergente de Luiz Fux.

A expectativa é de que a rigidez vista na Primeira Turma se estenda aos demais núcleos do processo, reduzindo as chances de penas mais brandas para outros envolvidos.

Logo após a condenação, deputados democratas dos Estados Unidos divulgaram uma carta afirmando que Trump teria aberto uma guerra comercial para “defender o seu colega líder da tentativa de golpe”.

O próprio republicano comentou nesta quinta-feira (11) a decisão do STF, dizendo ter ficado “surpreso” com o resultado e comparando a situação de Bolsonaro ao que enfrentou nos EUA.

“Eu assisti ao julgamento. Eu o conheço bem. Como líder estrangeiro, achei que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil. Ele era um homem bom, e não vejo isso acontecendo”, declarou Trump ao deixar a Casa Branca.

Questionado sobre novas sanções contra autoridades brasileiras, ele evitou se comprometer, mas reforçou as semelhanças entre os dois casos.

A condenação

A Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, sob a acusação de liderar a trama para permanecer no poder. Foi a primeira vez que um ex-presidente brasileiro foi punido por esse crime.

Bolsonaro também foi considerado culpado por organização criminosa armada, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado. O regime inicial será fechado, com 24 anos e 9 meses de reclusão e o restante em detenção. A pena máxima poderia chegar a 43 anos.

Assim como Bolsonaro, Trump também enfrentou acusações em seu país. Em agosto de 2023, tornou-se réu em um processo que o apontava como responsável por tentar subverter o resultado das eleições de 2020.

Já eleito novamente presidente em 2024, o republicano conseguiu o arquivamento da ação em novembro, após o procurador especial Jack Smith pedir a suspensão do processo sob o argumento de que presidentes em exercício não podem ser processados judicialmente.