Com uma mistura de incompetência econômica, escândalos éticos, incontiência verbal, picaretagem e uma evidente desconexão com as necessidades reais da população brasileira, Paulo Guedes deixou um legado trágico na economia.
No entanto, um balão de ensaio foi jogado pelo colunista Lauro Jardim, do Globo: o “posto Ipiranga” de Bolsonaro tem planos de se candidatar à presidência em 2026 pela “direita”, uma alternativa a Tarcísio.
O legado de Guedes como ex-ministro da Fazenda é um desastre ferroviário. Durante sua gestão, o Brasil registrou o menor consumo de carne em quase três décadas, simbolizado pela venda de pés de galinha nos supermercadas, e enfrentou crises hídrica e elétrica. A situação era tão grave que investidores estrangeiros retiraram R$ 5 bilhões da bolsa em um mês, demonstrando falta de confiança na recuperação econômica brasileira.
Guedes era um dos dois “superministros”, segundo a inacreditável Vera Magalhães (o outro era, vejam só, o semianalfabeto Sergio Moro).
Não apresentava soluções para financiar políticas sociais essenciais como o Bolsa Família, não possuía estratégias para controlar os preços dos combustíveis e dos alimentos para não desagradar a setores poderosos como o agronegócio, e nadava em políticas neoliberais especulando em benefício próprio.
Na famosa reunião ministerial de 2020, recheada de palavrões, Guedes defendeu a privatização do Banco do Brasil e provocou a picareta Damares Alves, na ocasião chefe da pasta de Mulher, Família e Direitos Humanos, ao falar da necessidade de abertura do turismo no Brasil. Guedes insinuava que a exploração sexual de meninas era um problema menor.
“Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô”, disse ao se referir à atração de empresários para explorar áreas e populações vulneráveis no país.
“Tem problema nenhum. São bilionários, são milionários. Executivo do mundo inteiro. O cara vem, fazem convenções. O turismo saiu de cinco milhões em Cingapura pra 30 milhões por ano. O Brasil recebe seis. Uma pequena cidade recebe 30 milhões de turistas. O sonho do presidente de transformar o Rio de Janeiro em Cancún lá, Angra dos Reis em Cancún. Aquilo ali pode virar Cancún rápido”, continuou.
“Atrapalha ninguém. Aquilo não atrapalha ninguém. Deixa cada um se foder. Ô Damares. O presidente, o presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô!”
O vídeo da reunião foi divulgado quase na íntegra pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que trata da tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, após as denúncias do ex-ministro Sergio Moro.
Com a revelação dos “Pandora Papers” pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos em 2021, Guedes apareceu como um dos implicados. O escândalo expôs movimentações financeiras para paraísos fiscais — no mínimo antiéticas, especialmente para alguém na posição de ministro da Economia, que controlava políticas que poderiam influenciar suas próprias aplicações financeiras.
Apesar da gravidade das revelações, Guedes contou com uma blindagem na mídia brasileira, que frequentemente minimizava a gravidade de suas ações, uma postura que refletia interesses conflitantes, dado que muitos patrões também têm investimentos em paraísos fiscais, como os Marinhos.
Paulo Guedes também tentou remover a taxação sobre movimentações financeiras internacionais na reforma tributária, uma medida que beneficiaria diretamente milionários como ele e seu ex-sócio no BTG Pactual, suspeito de se beneficiar das campanhas de Guedes para transformar precatórios em moeda de privatização.
Em 2019, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) foi na mosca durante a audiência pública da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara que discutiu a reforma da Previdência. “O senhor é tigrão quando é com os aposentados, com os idosos, com os portadores de necessidades. O senhor é tigrão quando é com os agricultores, os professores. Mas é tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país”, disse Dirceu.
Apoplético, Guedes respondeu fora do microfone: “Eu não vim aqui para ser desrespeitado, não. Tchutchuca é a mãe, é a avó, respeita as pessoas. Isso é ofensa. Eu respeito quem me respeita. Se você não me respeita, não merece meu respeito.”
É o homem que a Globo precisa.