“Delator” de Lulinha é ex-funcionário do Grupo Folha e fez chantagem antes de procurar mídia

Atualizado em 13 de dezembro de 2019 às 20:13
Lulinha. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no GGN:

A Lava Jato em Curitiba tem contra Lulinha um delator informal, considerado a testemunha-chave da operação Mapa da Mina: Marco Aurélio Vitale, ex-sócio de Jonas Suassuna no Grupo Gol.

Suassuna é um dos donos do sítio de Atibaia e sócio de Lulinha no Grupo Gamecorp. Vitale, depois que teve problemas com a Receita Federal, decidiu divulgar o que sabia dos bastidores da relação empresarial entre o filho do ex-presidente Lula e seus sócios.

Ele, então, escreveu um livro, chamou atenção da mídia, e de repente viu-se auxiliando a Lava Jato em Curitiba.

Vitale, segundo a Folha desta sexta (13), foi “quem ajudou os investigadores da Polícia Federal a levantar indícios contra o filho do presidente em negócio [do Gamecorp] com as empresas de telefonia Oi e Vivo.”

O delator informal, e dados levantados pela operação Aletheia, de março de 2016, são tudo o que a Lava Jato tem, até o momento, contra Lulinha.

Vitale fez carreira na imprensa. Foi “funcionário do Grupo Folha de 1992 a 2001 na área comercial, sem ligação com a Redação, e passou por outros veículos em funções semelhantes”. Essa trajetória, segundo o jornal, despertou “desconfiança” em Lula, que chamou Vitale de “capa preta” na única vez em que se viram pessoalmente, em 2011.

Como os negócios do Grupo Gol são privados, a Lava Jato não tinha condições de investigar algo que chegasse em Lulinha. Mas uma brecha foi aberta quando Vitale começou a falar de contratos que dariam cobertura aos repasses que os investigadores tacham de suspeitos.

Em 2017, Suassuna negou as suposições feitas por Vitale e o acusou de tentar “chantageá-lo antes de procurar a imprensa. Disse também que processaria o ex-funcionário.”

A testemunha, depois daquele espaço na mídia, mostrou aos investigadores “emails trocados entre executivos das empresas que indicavam que o resultado comercial para a Oi dos produtos feitos pelo Grupo Gol eram baixíssimos, comparados à contrapartida dada pela companhia telefônica.”

O delator só começou a falar sobre os negócios de Suassuna quando “após ser chamado pela Receita Federal para explicar uma operação financeira em seu nome com uma empresa de Suassuna.”

“Auditores fiscais passaram a perguntar sobre outras transações das firmas do ex-chefe e ele respondeu a todas. Foi quando, disse ele, decidiu expor os problemas que via na atuação do Grupo Gol. O caso que o levou ao Fisco foi arquivado.”

A Lava Jato diz hoje que R$ 130 milhões que o Grupo Gamecorp recebeu ao longo de mais de 10 anos da empresa Oi/Telemar, teriam relação com decisões tomadas por Lula no governo federal. E que parte desse dinheiro teria sido usado para a compra do sítio de Atibaia.

A operação Mapa da Mina, deflagrada nesta semana, tenta encontrar evidências que provem essa teoria criada pela turma de Curitiba.

Os assuntos da Gamecorp, com suposto envolvimento de Lula, já foi investigado em Brasília e São Paulo, e os inquéritos acabaram arquivados em 2012, por falta de provas.