Em delação premiada, o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach revelou um suposto esquema de corrupção que envolve policiais de departamentos e delegacias da Polícia Civil em São Paulo. Ele afirmou que investigações foram manipuladas para proteger membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) mediante o pagamento de propinas, que incluíram dinheiro e transferências de propriedades.
Segundo o Estadão, o caso gerou a abertura de inquéritos pela Corregedoria da Polícia Civil e o afastamento dos policiais citados. A delação de Gritzbach, homologada na 1.ª Vara de Crimes Tributários e Lavagem de Dinheiro da Capital, está dividida em seis anexos, com o Anexo 6 sendo focado nas denúncias de corrupção policial.
De acordo com o empresário, agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e das delegacias de Ermelino Matarazzo (24º DP) e Tatuapé (30º DP) teriam se beneficiado de propinas para manipular inquéritos em favor de membros do PCC.
Em um áudio de cerca de cinco minutos anexado à delação, um investigador do Departamento de Narcóticos (Denarc) conversa com o advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, apontado como um dos integrantes da cúpula do PCC. No áudio, Mude negocia o aumento do pagamento pela execução de Gritzbach.
Investigações e repercussões
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou o afastamento dos policiais citados e declarou que não tolerará desvios de conduta na corporação. Já o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, comprometeu-se a aprofundar as investigações, que já levaram à abertura de três inquéritos.
Além das acusações de corrupção, Gritzbach detalha situações de lavagem de dinheiro e investimentos do PCC em imóveis e criptomoedas. Ele próprio teria participado de operações financeiras para o crime organizado, mas negou envolvimento nos homicídios de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e de Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”, líderes da facção. Esses assassinatos também são alvo das investigações.
Contexto das acusações
Gritzbach trabalhou na construtora Porte Engenharia, onde conheceu membros do PCC e facilitou investimentos em imóveis para lavar dinheiro do tráfico de drogas. Após perder milhões em negociações de criptomoedas, “Cara Preta” teria ameaçado o empresário, o que pode ter motivado os desentendimentos entre eles.
A denúncia de Gritzbach revelou ainda que, após o assassinato de “Cara Preta”, o suspeito de lavagem de dinheiro Robinson Granger, conhecido como “Molly”, teria ocultado provas no apartamento da vítima. Contudo, o inquérito, segundo o delator, omitiu esses detalhes, possivelmente em razão de acordos ilícitos com policiais.
A Corregedoria e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) seguem investigando as denúncias de Gritzbach. As provas apresentadas incluem gravações e documentos que indicam a possível participação de outros integrantes do PCC.
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