Delegado zombou de Marielle um dia após o assassinato: “A comemoração onde será?”

Atualizado em 10 de janeiro de 2024 às 13:16
Marielle Franco foi assassinada por milicianos em 2018. Foto: Reprodução

O delegado Maurício Demétrio, preso por suspeita de chefiar quadrilha de extorsão a autoridades e comerciantes, ironizou o assassinato da vereadora Marielle Franco. Em conversas encontradas em um dos 12 celulares apreendidos em junho de 2021 em seu apartamento na Barra da Tijuca (RJ), ele questiona onde será a “comemoração” da morte dela.

“Gente, o enterro da vereadora será no Caju, mas a comemoração alguém sabe onde será?”, diz mensagem enviada por ele no dia 14 de março de 2018, um dia após o assassinato da vereadora. A declaração consta na decisão do juiz Bruno Rulière, responsável pelo processo contra o delegado na 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Comarca da Capital.

O magistrado afirma que o delegado fez uma série de “manifestações inaceitáveis” em conversas encontradas nos aparelhos. Ele também se referiu de forma racista a Adriana Belém, delegada aposentada que foi alvo de investigação sobre a relação entre agentes públicos com o jogo do bicho.

“Refere-se de forma racista a uma delegada chamando-a de ‘macaca escrota’ e ‘crioula’”, relata o juiz. As duas declarações foram retiradas de uma conversa com o delegado Allan Turnowski, que ocupava um cargo na diretoria da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) na ocasião.

Há outras falas racistas por parte do réu nas conversas, como chamar o Brasil de “macacolândia”. A conduta encontrada nos diálogos pesou na sua condenação.

O delegado Maurício Demetrio foi preso por suspeita de chefiar quadrilha de extorsão a autoridades e comerciantes. Foto: Reprodução

Ele foi sentenciado a nove anos de prisão por três crimes de obstrução à Justiça. O juiz Rulière ainda determinou a perda do cargo de delegado na Polícia Civil. Os outros crimes, como organização criminosa, concussões e lavagem de dinheiro, ainda serão julgados.

Ele é apontado como chefe de grupo criminoso formado por policiais civis de sua confiança, peritos, advogados e comerciantes. Ele foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ).

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