O hacker Delgatti Neto, que ficou famoso com a Vaza-Jato, participou de um plano para grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após ter sido acionado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a revista Veja, o plano foi traçado antes das eleições.
Inicialmente, o hacker teve um encontro com Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro. No dia 10 de agosto de 2022, ele teria sido recebido discretamente no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente, pelo mandatário.
Na suposta interação com o hacker, o então presidente teria alegado que já havia conseguido interceptar mensagens trocadas entre Moraes e servidores do Poder Judiciário, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas e uma preferência por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu encontrei a outra [Zambelli] e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele [Bolsonaro] telefonou no chip. Foi por chamada normal”, confidenciou. “Ele [Bolsonaro] falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu'”, relatou.
À mesma época, enquanto não chegavam a ele novas informações sobre a operação, Delgatti procurou um funcionário da operadora de telefonia TIM e ofereceu a ele dinheiro para que ajudasse no grampeamento ilegal do ministro, fornecendo um chip com o mesmo número do usado por Moraes. O funcionário da operadora não aceitou participar do plano.
Conforme o plano revelado por Marcos do Val, o intuito era gravar uma fala “comprometedora” do ministro de que ele teria interferido nas eleições. Com isso, Bolsonaro conseguiria, supostamente, anular o resultado das eleições.