Matéria da Veja traz os bastidores do encontro de Walter Delgatti com o presidente Jair Bolsonaro e sua campanha. A revista confirmou o acontecimento e usou fotos como provas. A conversa teve como tema principal a segurança das urnas eletrônicas. Delgatti falou sobre a facilidade de invasão.
Segundo a reportagem, o carro de um agente da Polícia Legislativa da Câmara estacionou às 6h12 da quarta (10/08) em frente ao prédio onde fica o apartamento funcional da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL), na Asa Sul de Brasília. Às 6h35 o automóvel deixou o local. Minutos depois, chegou ao Hotel Phenícia, “de onde saiu um sorridente Walter Delgatti Neto”.
“A ideia de Bolsonaro é usar a fama do invasor de sistemas para atacar a credibilidade das urnas eletrônicas nas eleições”, diz a matéria.
Diz a Veja:
Lá, foram recebidos por Zambelli e pelo presidente da legenda, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, em reunião que começou por volta das 11 horas. O grupo foi levado até o cacique do PL no carro de Bruno Zambelli, irmão da parlamentar e candidato a deputado estadual em São Paulo. A conversa começou repleta de elogios à competência do hacker em promover a reviravolta da Vaza-Jato. Envaidecido, ele discorreu com desenvoltura sobre as possibilidades de se invadir as urnas eletrônicas, sem dizer ali, no entanto, como faria isso com equipamentos que não são conectados à internet.
A conversa inicial empolgou até o próprio Valdemar, visto como avesso às ideias tresloucadas de Bolsonaro de atacar o sistema de votação como parte da estratégia eleitoral. Aos poucos, porém, diminuiu ali a certeza sobre o sucesso de uma eventual invasão dos sistemas de votação e apuração. O foco mudou para uma possível grande jogada da campanha de Bolsonaro, que independia de as vulnerabilidades do processo serem verdadeiras ou não, tendo Delgatti como garoto-propaganda. (…)
O raciocínio é que, nessa hipótese, seria difícil até para a esquerda se contrapor a Delgatti, já que ele é tido como um ídolo desde as revelações da Vaza-Jato. “A hora que partiu para essa questão de o Walter afirmar que as urnas podem ser fraudadas aconteceu um mal-estar muito grande. Eu dei opção para o Walter ir embora comigo, disse que isso ia gerar um problema gigantesco para ele, para mim e para várias pessoas. Optei por pegar as minhas coisas e sair”, relatou a VEJA o advogado Ariovaldo Moreira.