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Delírio sobre o Estado de sítio é conversa para a claque do cercadinho. Por Moisés Mendes

Bolsonaro e o gado no cercadinho. Foto: Antonio Cruz – 30.ago.19/Agência Brasil

Publicado originalmente no Blog do autor:

Por Moisés Mendes

A ameaça de Bolsonaro de que pode decretar estado de sítio parece ser, mas talvez não seja, um estágio além do blefe do golpe, quando o sujeito aparecia nas manifestações de Sara Winter. Pode ser apenas um sinal de que ele se sente ainda mais acossado e sem saída.

Com um pouquinho mais de gente vacinada, é provável que já tivéssemos povo suficiente para voltar às ruas. Bolsonaro sabe disso.

As manifestações em Brasília, o crescimento do escracho virtual e a demonstração de que não dá para ter medo das ameaças são sinais de que algo está acontecendo.

A conversa sobre o estado de sítio pode ser apenas um delírio para a claque do cercadinho do Alvorada. Como se ele estivesse cochichando para aquela turma: eu to pronto para dar um jeito nisso daí.

Não parece que Bolsonaro tenha um método e um plano. Talvez esteja apenas garganteando para o seu público, sem controle do que diz.

Bolsonaro pode mesmo ter combinado alguma coisa com os militares, como sugeriu no cercado? Aí vem a questão que pode ser levantada por um amador em estratégia política e militar: Bolsonaro e os militares podem até entrar na aventura. O problema será sair.

Sim, os militares também são considerados parte do delírio, porque não há estado de sítio sem a imposição da força. O genocida terá de arrastar seus generais para a empreitada, incluindo o vice Hamilton Mourão.

A outra conclusão, tão antiga quanto os blefes, é que Bolsonaro vive da ameaça de que vai dar um golpe. Ele vai levando essa fanfarronice até onde der, para ver se, quando precisar, o golpe poderá um dia ser aplicado.

O interessante nisso tudo é que houve o telefonema de Luiz Fux para o sujeito nessa sexta-feira. O presidente do Supremo perguntou que história é essa de ameaçar com estado de sítio, e o homem desconversou, como sempre faz.

O Brasil ficou sabendo do telefonema porque alguém avisou a imprensa do pito de Fux. E quem avisou, é claro, não foi o sujeito que ouviu os conselhos para que não continue blefando.

Fux mandou espalhar entre os amigos dos jornais que havia ligado para Bolsonaro. O ministro avisa que tomou a iniciativa de enquadrar Bolsonaro, e também informa Bolsonaro de que foi ele quem espalhou a notícia.

Fux manda dizer ao Planalto e aos generais que ainda tem coragem para espalhar a notícia do telefonema.

Bolsonaro pode dar o troco, agora com Silas Malafaia substituindo Sara Winter? Talvez não tenha condições, mesmo com a assessoria de guerra de alguém menos incapaz.

Bolsonaro está se repetindo e ficando sem repertório.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/

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Moisés Mendes

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