Deltan Dallagnol agarra-se ao arame farpado da extrema direita. Por Moisés Mendes

Atualizado em 31 de maio de 2023 às 7:19
Deltan Dallagnol falando em microfone e gesticulando
Deltan Dallagnol (Podemos) – Agência Brasil

Bolsonaro não quer saber de Deltan Dallagnol, mas Dallagnol corre atrás de Bolsonaro. Por achar que essa é a única chance de manter seu mandato de deputado federal cassado pelo TSE.

No Roda Viva de segunda-feira, o ex-procurador e ex-deputado disse em tom assertivo:

“Não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula”.

Mais adiante, quando foi questionado sobre a política de Bolsonaro para a saúde pública durante a pandemia, fez volteios, alegou que não entende nada de saúde e reafirmou o que já havia dito no início do programa:

“Não estou aqui para desunir a direita”.

O tema era a pandemia e ele deveria falar de saúde pública e das omissões do genocida, e Dallagnol fez a volta para dizer que não ataca Bolsonaro.

Disse que foi um benemerente em Curitiba e deu dinheiro aos pobres na pandemia. E que mobilizou amigos para ações semelhantes.

Deixou claro que, numa hora dessas, não fala de demandas e questões coletivas, porque é de filantropia que ele entende, desde que seja praticada por ele mesmo0..

Não quis comentar o negacionismo e a política de matança da imunidade de rebanho, porque não tinha dados.

Deltan Dallagnol (Podemos-PR) durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Foto: Reprodução

A frase correta, que revelaria sua intenção política, seria essa:

“Não estou aqui para desunir a extrema direita”.

Porque não é com a direita que Dallagnol espera contar, no desespero, para tentar se salvar. Ele espera suporte do fascismo no Congresso.

Dallagnol quer um gesto de Bolsonaro, dos pastores do Congresso e de outros setores da extrema direita para que a mesa da Câmara diga que seu mandato será preservado.

Na cabeça simplória de Dallagnol, profissionais da política na Câmara, subordinados ao comando de Arthur Lira, que sobrevivem porque são espertos diante de todo tipo de armadilha, irão correr o risco de cair na arapuca do cassado e afrontar o TSE e o Supremo.

Dallagnol tenta fazer média com Bolsonaro, que o esnoba e o avisa que ele não deve contar com seu apoio na carreata marcada para 4 de junho em Curitiba.

A velha direita do que foi um dia o PSDB não quer saber de Dallagnol. A turma de Kim Kataguiri no MBL também mandou avisar que não quer bronca com a Justiça e está fora da carreata.

E nesta quarta-feira, Dallagnol depõe na Polícia Federal. Ele disse estranhar a convocação e que não sabe do que se trata.

Muitos dos encarcerados da Lava-Jato, mantidos em prisão preventiva durante nesses em Curitiba, também não sabiam.

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link