Demissão de Santos Cruz mostra uma crise séria no centro do governo. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 13 de junho de 2019 às 20:30
General Santos Cruz. Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Publicado originalmente no perfil do autor no Facebook

A demissão de Santos Cruz é algo grave e mostra uma crise séria no centro do governo.

Me parece uma “depuração” no interior da coalizão bolsonarista. Na turbulência, o capitão decide endurecer e coesionar seu núcleo, que tem mais identidade com o setor “ideológico”. Isso mostra algumas coisas:

A. Os ministros indemissíveis são Guedes e Moro. Guedes por motivos óbvios e Moro por ser o fiador da legalidade da eleição de Bolsonaro. Quem construiu o cenário que viabilizou a vitória foi ele – República de Curitiba – a partir da ideia de “roubalheira do PT”, luta contra a corrupção, processo e prisão de Lula (e divulgação das gravações Lula-Dilma e depoimento do Palocci);

B. Bolsonaro mostra quem comanda o governo, num momento em que a agenda nacional é dirigida por Greenwald (política) e Maia (Mercado/economia). Nunca nos esqueçamos: quem tem voto é o presidente e não os membros de sua entourage.

C. A influência dos militares no governo parece – parece! – ser menor do que aparenta. O elo de ligação com os EUA é Moro – isso fica claro na gravação – e o 02, e não Mourão.

D. Bolsonaro vai segurar Moro até o fim por não ter escolha. É uma manobra arriscadíssima e ousada.