Demitida, olavista tem a obrigação de revelar publicamente a corrupção que viu no governo Bolsonaro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de maio de 2019 às 14:12
A olavete Letícia Catelani e o ídolo Jair Bolsonaro

A olavete Letícia Catelani, próxima a Eduardo Bolsonaro, sedizente “empresária do ramo industrial” e “especialista em comércio internacional”, foi demitida da Agência de Promoção à Exportação, Apex, que pertence ao Ministério das Relações Exteriores.

Letícia era diretora de Negócios.

No Twitter, fez uma acusação grave: “Combati incansavelmente a corrupção e fechei as torneiras que a alimentavam. Estou pagando o preço. Sofri pressão de dentro do governo pela manutenção de contratos espúrios, além de ameaças e difamações. Não me intimidei!”

O novo presidente da instituição, Sérgio Segóvia, contra-almirante na Marinha, também exonerou o diretor Márcio Coimbra, de Gestão Corporativa.

Ambos são peixes do chanceler Ernesto Araújo.

Todos seguidores de Olavo de Carvalho.

Letícia fez campanha para Bolsonaro e é creditada como a pessoa que providenciou um avião para levar um cirurgião a Juiz de Fora quando o então candidato levou a facada.

A Apex é um saco de gatos onde militares e olavistas se matam.

Letícia protagonizou disputas com os dois últimos presidentes (são três desde janeiro, pasme).

No mês passado, o embaixador Mário Vilalva caiu atirando em Araújo.

Em entrevista ao Estadão, afirmou que Ernesto deu um “golpe” ao mudar o estatuto sem consultá-lo.

Carreiro e Vilalva tiveram problemas com Letícia.

Ela tem a obrigação, agora, de revelar quais foram os esquemas que descobriu e que, de acordo com seu relato, motivaram sua saída.

O DCM está à disposição de Letícia.

Se não o fizer voluntariamente, é preciso que o Ministério Público exija explicações e, se for o caso, apure.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.