Denúncia da PGR contra Bolsonaro: a montanha pariu… uma montanha. Por Edward Magro

Atualizado em 19 de fevereiro de 2025 às 9:23
procurador-geral da República, Paulo Gonet, olhando para o lado, falando e rindo
O procurador-geral da República, Paulo Gonet – Reprodução

Não há como não celebrar.

Passei a noite lendo a denúncia que a Procuradoria Geral da República apresentou ao STF. Estão lá devidamente denunciadas as figuras mais deletérias que o submundo da política gerou nos últimos 50 anos. Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Braga Netto, Anderson Torres e outros integrantes de seu governo fascista. Ao todo, 33 ratos.

Contrariando toda a história recente da PGR, desta vez a montanha não pariu um rato, pariu uma montanha mesmo. A denúncia, robusta e detalhada, expõe, com farta documentação, o esquema montado por Bolsonaro para tentar reverter os resultados eleitorais, destruir a democracia brasileira e instaurar um regime autocrático.

Está no relatório o passo a passo, com minutas de golpe, minutas de discurso pós-golpe e roteiro para os assassinatos de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.

O Brasil já viu muitos escândalos políticos, mas poucos com tamanha ousadia e desfaçatez. O que a PGR coloca à mesa é um plano de subversão do sistema democrático, algo que, em outros tempos, nos faria lembrar os golpes de Estado clássicos, mas que, no mundo digital, ganhou contornos de teoria da conspiração espalhada em grupos de WhatsApp e Telegram.

Agora, o que resta é seguir o que manda a lei: dar aos denunciados o mais amplo direito à defesa, respeitando todas as salvaguardas jurídicas e humanas, tudo dentro das quatro linhas da Constituição, como diz o delinquente que presidiu o Brasil.

Porque, afinal, diferentemente do que tentaram fazer, a democracia sobreviveu e continua a funcionar. O Estado de Direito não é um slogan de camiseta, mas sim um compromisso real com as regras do jogo.

O resultado do processo? Ninguém sabe.

A Justiça tem seus prazos e ritos, e cabe a ela decidir se as provas são suficientes para condenação. Mas uma coisa é certa: ao final, independentemente do desfecho, eles mentirão. Mentir é uma compulsão, um reflexo condicionado, a cola que mantém unido o fascismo. Dizer que foram perseguidos e que não tiveram direito à ampla defesa será parte do script.

O detalhe incômodo para eles é que, diferentemente de narrativas convenientes, o processo é impresso e, portanto, auditável. Ou seja, cada linha, cada documento e cada depoimento estão lá, prontos para serem conferidos por quem quiser ver a realidade sem filtros ideológicos.

Parafraseando Fernanda Torres: o processo de julgamento do golpe será “totalmente auditável”.

Enquanto o julgamento segue seu curso normal, dia após dia, o Brasil irá lavando sua alma e se livrando das impurezas autoritárias do odioso fasciobolsonarismo.

Que seja feito o que a lei determina, porque, ao final, não importa o que digam os denunciados, importa que a verdade permaneça registrada. E ela, como sempre, tem o hábito incômodo de resistir às mentiras.