Denúncias, vice e ‘acobertamento’ da pandemia fragilizam campanha de Covas na reta final

Atualizado em 27 de novembro de 2020 às 11:11

Publicado na Rede Brasil Atual

Ricardo Nunes e Bruno Covas

O cientista político Paulo Niccoli Ramirez prevê disputa acirrada, “voto a voto”, pela prefeitura de São Paulo, entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (Psol) no segundo turno. Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (26) aponta que a diferença entre os candidatos vem diminuindo.

O analista atribui essa redução à “contradição” no discurso oficial do prefeito Bruno Covas e a realidade, que aponta para o agravamento da pandemia na capital. Apesar das notícias do aumento da ocupação dos leitos de UTIs, em especial na rede privada, o prefeito segue afirmando que os números de casos e de óbitos estão “estáveis”.

Contudo, a expectativa é que, já na segunda-feira (30), Covas e o governador de São Paulo João Doria anunciem uma revisão do Plano São Paulo, com a possível adoção de novas medidas restritivas para tentar conter o avanço da doença.

“Ao que tudo indica, Bruno Covas tem segurado essa informação, dando a sensação de que está tudo bem e estável, em termos pandêmicos. Quando, na verdade, a realidade é outra. Tudo isso, claro, para tentar garantir a sua reeleição”, afirmou Ramirez, em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta sexta (27).

O professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP) também destaca as suspeitas envolvendo o candidato a vice do tucano, Ricardo Nunes. Ele é alvo de uma investigação da promotoria do Patrimônio Público e Social do Ministério Público do Estado de São Paulo em função de um esquema de alugueis superfaturados de creches para a prefeitura. Além disso, sua esposa registrou contra ele, em 2011, um boletim de ocorrência por ameaça e agressão verbal durante uma discussão.

Por outro lado, passaram a circulam nas redes sociais vídeos que mostram a distribuição de cestas básicas por correligionários do candidato tucano num bairro da periferia. Os indícios apontam para uma possível prática de compra de votos.

Boulos e as redes

Já sobre o candidato do Psol, a tendência, de acordo com Ramirez, é que ele “cresça mais” até domingo. Segundo ele, Boulos é o candidato que melhor soube utilizar a internet durante a campanha. Com linguagem inovadora, conseguiu reduzir a desvantagem do menor tempo de rádio e televisão no primeiro turno. Outro fator que explica o seu avanço é que Boulos também se apresenta como uma “novidade”, por não ter ocupado ainda um cargo eletivo.

Covas e as abstenções

Ademais, o não comparecimento dos eleitores no dia da votação pode ser um fator decisivo na disputa em São Paulo. Isso porque Covas lidera na preferência do eleitorado acima de 60 anos. Contudo, por fazerem parte do grupo de risco da pandemia, os idosos estariam mais propensos a se absterem da disputa.