Depoimentos sobre golpe foram usados pela PF para desqualificar fake news criadas por bolsonaristas

Atualizado em 18 de março de 2024 às 7:00
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

A Polícia Federal (PF) está investigando os envolvidos na tentativa de golpe de Estado em 2022, com um foco específico em desmascarar uma série de fake news amplamente divulgadas pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Essas falsas informações, que ganharam destaque durante a tentativa de reeleição do ex-capitão, abrangem uma variedade de temas, desde alegações infundadas sobre as urnas eletrônicas até supostas conexões do presidente Lula (PT) com o crime organizado.

Tanto órgãos do próprio governo federal quanto o partido do ex-presidente foram responsáveis por disseminar essas fake news, alimentando as redes bolsonaristas com informações não verificadas na esperança de legitimá-las.

De acordo com os depoimentos, a PF está investigando o uso da própria instituição pelo governo Bolsonaro para validar informações falsas às vésperas das eleições de 2022.

Essa investigação da PF foi iniciada com base em publicações que circulavam nas redes bolsonaristas, particularmente em relação a uma suposta delação de um ex-general de inteligência venezuelano acusado de envolvimento em um cartel de drogas.

Em 2021, esse general estava detido na Espanha e afirmou, em uma carta a um juiz local, que partidos de esquerda na América Latina e na Europa estavam recebendo financiamento ilegal da Venezuela, sem apresentar provas substanciais.

Após sua extradição para os Estados Unidos, o general venezuelano se declarou inocente, sem qualquer registro de uma delação envolvendo a campanha de Lula em 2022, conforme verificado por agências de checagem de fatos.

No entanto, o próprio Bolsonaro mencionou a suposta delação durante uma reunião ministerial em julho de 2022. A PF está investigando se o ex-ministro Torres foi o responsável por transmitir essa informação a Bolsonaro. Torres negou essas alegações e afirmou que nenhuma providência foi solicitada ao Ministério da Justiça sobre o assunto por parte de Bolsonaro.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Além disso, o ex-ministro nega ter evidências para outra acusação feita durante a reunião, a de que o PT teria ligações com a facção criminosa PCC. Ele justificou suas afirmações com base em notícias sobre alegações feitas pelo publicitário Marcos Valério em um acordo de delação premiada.

A PF também tem dado destaque aos depoimentos relacionados à segurança das urnas eletrônicas e às tentativas de questionamento dos resultados das eleições de 2022.

Questões sobre esse assunto foram direcionadas aos investigados, incluindo Torres, presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e um empresário que colaborou com a auditoria do PL sobre as urnas eletrônicas. Tércio Arnaud, apontado como líder do “gabinete do ódio” de Bolsonaro, também foi alvo de perguntas sobre o tema.

Devido às repetidas críticas e declarações falsas feitas em uma reunião com embaixadores sobre o sistema eleitoral, Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e enfrenta múltiplas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, ele está inelegível pelo menos até 2030.

Após a derrota nas eleições de 2022, o PL endossou o discurso golpista de Bolsonaro e solicitou ao TSE a invalidação de votos depositados em urnas devido a “mau funcionamento”, mesmo sem apresentar evidências de fraude. O partido fundamentou sua alegação com base em relatório do Instituto Voto Legal, contratado por R$ 1 milhão para estudar o funcionamento das urnas.

Em seu depoimento à PF, Valdemar Costa Neto declarou que contratou o instituto e questionou as urnas na Justiça Eleitoral sob pressão de Bolsonaro e seus aliados. Ele afirmou que o instituto não encontrou irregularidades, contradizendo declarações públicas anteriores.

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