Depressão, denúncias na Justiça, faltas no Senado: o que está por trás do sumiço de Serra da vida pública. Por José Cássio

Atualizado em 2 de julho de 2018 às 9:19
Ele

A notícia de que José Serra reatou o casamento com a ex-mulher, Mônica, reacendeu um mistério que o cerca desde o início deste ano.

Sumido do noticiário, em função das inúmeras pendências com a Justiça, e bastante ausente no plenário (é o senador paulista com menos presença, segundo a Veja), Serra não está bem de saúde e a volta para a casa da família pode ser indício de que está precisando de cuidados especiais.

Em Brasília e entre seus correligionários do PSDB o assunto é tratado com a discrição que aquele ambiente permite.

Nas vezes em que é visto em público, Serra aparenta apatia e olhar vago. Recentemente, num encontro casual com lideranças políticas no bairro do Itaim, em São Paulo, foi apresentado a uma pessoa, não esboçou reação e esticou a mão para cumprimentar outra que estava ao lado.

Velhos companheiros tratam o caso ora na base da brincadeira – “está no bico do corvo” –, ora com certa consternação – Fernando Henrique Cardoso, 87 anos, dez mais velho, tem manifestado preocupação afirmando, em seu círculo íntimo, que “Serra está bem mais envelhecido do que eu”.

Notório hipocondríaco, Serra nunca falou claramente sobre seu estado.

Quando deixou o ministério das Relações Exteriores, em março de 2017, enviou carta a Michel Temer relatando que decidiu deixar a pasta “em razão de problemas de saúde”, mencionando dores na coluna que o impediriam de fazer viagens longas.

De fato, quatro meses antes ele havia se submetido a uma cirurgia no Hospital Sírio-Libanês.

Em janeiro de 2014, o senador foi submetido a uma cirurgia na próstata para curar um quadro de hiperplasia prostática benigna, quando há aumento do órgão.

Um ano antes, fez cateterismo. À época, os médicos colocaram no coração dele um stent, mola metálica que expande a artéria e aumenta a capacidade do fluxo sanguíneo.

As versões extra-oficias vindas de amigos nesses últimos dias apontam para um quadro de depressão profunda e continuada. Mas cenas recentes – como a do encontro casual no Itaim supracitada e, anteriormente, confusões com nomes de lugares e pessoas – podem indicar problemas mais sérios.

Seja por depressão ou algum mal neurológico não revelado, é certo que o estado de saúde de José Serra é assunto de interesse público, já que, na condição de um dos principais líderes do PSDB, suas propostas e atitudes têm impacto direto na vida de milhões de brasileiros.

Serra é autor da Lei 131/2015, que determinou o fim da participação obrigatória da Petrobras na exploração de petróleo nas camadas do pré-sal.

Também teve o seu DNA a legislação dos medicamentos genéricos e a Lei Antifumo.

Disputou e perdeu duas vezes (2002 e 2010) a presidência da República. Foi prefeito de São Paulo e governador do Estado, deputado federal Constituinte, ministro duas vezes de Fernando Henrique, nas pastas do Planejamento e da Saúde.

Serra vem tentando manter sua rotina no Senado, mas a falta de energia é notável. No mês de abril, faltou a metade % das sessões.

Retomou um pouco o ritmo em junho. Já avisou que não concorrerá a nada neste ano.

Nenhuma aparição pública, seja em eventos de pré-campanha ou locais onde há concentração de pessoas. 

O retorno à casa da família foi vendido pela imprensa velha amiga como se Serra e Mônica tivessem reatado um romance que começou em 1973 e encerrou em 2013, após 40 anos juntos.

O casal tem dois filhos, Luciano e Verônica, e dois netos.