Deputado alvo da PF enriqueceu com contratos de prefeituras e rede de 200 postos

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 10:34
O deputado federal Dal Barreto (União-BA). Foto: Reprodução

O deputado federal Dal Barreto (União Brasil-BA), alvo da Operação Overclean da Polícia Federal, multiplicou o patrimônio e construiu uma rede de mais de 200 postos de combustíveis abastecida com contratos milionários de prefeituras da Bahia.

Levantamento do UOL aponta que empresas ligadas ao parlamentar receberam R$ 30,9 milhões de 13 prefeituras apenas em 2022.

Barreto declarou R$ 516 mil em bens quando tentou se eleger prefeito de Amargosa (BA), em 2008. Hoje, afirma possuir R$ 7,3 milhões. A PF investiga se o parlamentar desviou recursos de emendas parlamentares por meio de contratos firmados com administrações municipais.

Na terça-feira (14), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele, e o deputado teve o celular apreendido no aeroporto de Salvador.

Em nota, Dal Barreto declarou não ter tido acesso ao inquérito e reafirmou seu compromisso com “a verdade e a legalidade”.

Contratos e expansão dos negócios

Natural de Amargosa, Dal iniciou a carreira empresarial com um posto de gasolina e uma fazenda. Entre 2008 e 2018, abriu mais de 50 postos em diferentes municípios e firmou contratos para fornecer combustíveis, alugar veículos e prestar transporte escolar a prefeituras. Em 2022, a rede de postos ligada ao deputado movimentou quase R$ 31 milhões em recursos públicos.

A Prefeitura de Wenceslau Guimarães (BA), cujo prefeito foi preso nesta semana, pagou R$ 1,1 milhão a um posto da rede Dal. Outro município com empresas ligadas ao parlamentar, Riacho de Santana, teve o prefeito afastado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Investigações

As empresas de Dal já foram investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de direcionamento de licitações, mas os casos foram arquivados.

Em sua campanha para deputado federal em 2022, o parlamentar declarou R$ 7,3 milhões em bens e foi acusado de abuso de poder econômico, após gastar R$ 217,7 mil em seus próprios postos e nos de familiares — acusação rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por falta de provas.

Atualmente, a Rede Dal diz operar mais de 200 postos de combustíveis, com bandeiras Shell e branca. O deputado também é apontado como próximo do empresário Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, investigado pela PF por atuar como operador do PCC em esquemas de lavagem de dinheiro.

Foragido desde agosto, Beto mantinha negócios de revenda de combustíveis e chegou a se reunir com Dal Barreto para discutir expansão no mercado fora de São Paulo.

Roberto Augusto Leme da Silva (à esq.), o Beto Louco, em almoço com o deputado Dal Barreto (à dir.)
Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, em almoço com o deputado Dal Barreto. Foto: Reprodução