Deputado bolsonarista acusado de bater na mulher emprega a própria sogra em gabinete

Atualizado em 17 de setembro de 2025 às 10:49
O deputado federal Júnior Lourenço (PL-MA) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

O deputado federal bolsonarista Júnior Lourenço (PL-MA) emprega a própria sogra em seu gabinete na Câmara dos Deputados, conforme informações do colunista Tácio Lorran, do Metrópoles. A prática configura nepotismo, proibida pela Constituição e que pode levar o parlamentar a responder por improbidade administrativa.

Maria Jackeline Jesus Gonçalves Trovão, de 61 anos, foi nomeada secretária parlamentar em 10 de maio de 2022, quando o deputado já era casado com Carolina Trovão Bonfim, sua esposa.

Inicialmente, Maria recebia R$ 1.328,41, além de auxílios. Em dezembro de 2023, foi promovida e hoje ganha R$ 1.764,93, mais benefícios, ultrapassando R$ 3,2 mil por mês. Ao todo, a Câmara já desembolsou R$ 120 mil para pagar a sogra do parlamentar.

Questionado sobre a situação, Lourenço confirmou o vínculo sem demonstrar constrangimento e afirmou que a sogra “é secretária”: “Ela trabalha comigo no Maranhão… no gabinete lá”, disse.

Carolina Trovão Bonfim e a mãe, Maria Jackeline Trovão. Foto: Reprodução

Nepotismo é vedado pela Constituição

A prática é proibida pela Constituição Federal de 1988, por ferir os princípios da moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia. O Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou essa vedação em súmula de 2008, que impede a nomeação de “cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau da autoridade nomeante” para cargos comissionados. No caso, a sogra é parente por afinidade em primeiro grau.

Segundo especialistas, o deputado pode ser processado por improbidade administrativa, podendo ser obrigado a ressarcir os valores pagos pela Câmara, além de pagar multa e até perder os direitos políticos.

Acusação de agressão à esposa

Júnior Lourenço costuma compartilhar nas redes sociais fotos de viagens internacionais com a esposa para destinos como Paris, Maldivas e Dubai. Mas o relacionamento já esteve sob questionamento.

Em agosto de 2024, Carolina Trovão Bonfim registrou boletim de ocorrência contra o deputado, alegando ter sido agredida durante a lua de mel em Ipojuca (PE). Segundo a denúncia, o parlamentar teria arrastado a esposa pelos cabelos em um hotel.

Após a repercussão, Carolina divulgou nota nas redes sociais do marido negando a agressão e classificando o episódio como um “mal-entendido”.