Deputado diz que foi pressionado e levou bronca de Lira ao questionar emendas

Atualizado em 12 de dezembro de 2025 às 14:57
José Rocha (União-BA). Foto: Vinicius Loures/Câmara

O deputado federal José Rocha (União-BA) afirmou à Polícia Federal que recebeu uma bronca do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), após questionar a destinação de emendas parlamentares. O relato veio a público nesta sexta (12), depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a quebra do sigilo dos depoimentos colhidos na investigação.

A declaração foi prestada no âmbito do inquérito que apura irregularidades na liberação e no uso de recursos públicos por meio de emendas parlamentares. Segundo Rocha, os questionamentos partiram de remessas encaminhadas pela Presidência da Câmara.

Em depoimento, o parlamentar citou diretamente a ex-assessora de Lira, Mariângela Fialek, conhecida como Tuca. “Eu passei a receber mais outras remessas da presidência, através dessa assessora, e chegou uma remessa de R$ 320 milhões para Alagoas. A terra do presidente da Câmara”, afirmou.

Rocha disse que decidiu segurar o envio dos documentos ao ministério responsável. “Eu segurei o envio para o ministério, questionando que eu precisava saber que destinação teriam esses recursos. E quais seriam os beneficiários? Quais seriam os autores?”, declarou.

Mariângela Fialek e Arthur Lira (PP-AL). Foto: Reprodução

Segundo ele, novas remessas chegaram em seguida. “Vieram umas outras, se não me falha a memória, mais duas outras remessas de minuta de ofício, acompanhado de planilhas. E eu segurei”, relatou o deputado.

De acordo com Rocha, a reação veio por telefone. “Aí, o presidente me liga dizendo que eu estava criando problema”, disse, referindo-se a Arthur Lira.

No fim de 2024, Rocha já havia declarado que atas de emendas aprovadas por comissões não existiam e acusou Lira de “faltar com a verdade” em informações enviadas ao STF. Outros parlamentares também prestaram depoimento na investigação, entre eles Glauber Braga (PSOL-RJ), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União-SP), Dr. Francisco (PT-PI) e o senador Cleitinho (PL-MG).

A apuração integra a Operação Transparência, autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF. A investigação apura suspeitas de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção na destinação de emendas parlamentares.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.