Deputado italiano que entregou a golpista Zambelli à polícia é um herói do Brasil

Atualizado em 29 de julho de 2025 às 20:37
Deputada Carla Zambelli e deputado italiano Angelo Bonelli. — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O novo herói do Brasil se chama Angelo Bonelli.

O deputado italiano teve papel central na prisão de Carla Zambelli em Roma. Em entrevista ao Metrópoles, ele revelou que descobriu o paradeiro da deputada brasileira a partir de uma conta do Instagram criada por ela na Itália, que continha geolocalização ativada e fotos recentes.

A partir dessas postagens, Bonelli conseguiu identificar o endereço onde Zambelli estava hospedada e repassou as informações à polícia italiana, que efetuou a prisão em 29 de julho. A parlamentar havia deixado o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.

Desde a fuga de Zambelli para a Itália, Bonelli vinha pressionando o governo de Giorgia Meloni a colaborar com o Brasil e com a Interpol. Ele chegou a apresentar questionamentos sobre o caso, defendendo que a cidadania italiana não poderia ser usada como escudo judicial.

Zambelli havia declarado que se considerava “intocável” por possuir dupla cidadania europeia, o que foi criticado por Bonelli, que respondeu: “Ninguém na Itália pode ser intocável”.

O deputado também acionou mecanismos parlamentares para cobrar respostas formais do governo italiano. Em 30 de junho, Bonelli questionou oficialmente quem estaria dando suporte financeiro e logístico a Zambelli na Itália, afirmando que apoiar uma pessoa procurada internacionalmente poderia configurar crime. Ele alertou ainda que a Itália corria o risco de ser vista como “paraíso de golpistas” se continuasse a abrigar políticos ligados ao bolsonarismo.

Em vídeo publicado dias antes da prisão, Zambelli disse que vivia como “exilada política” e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro, que teria atuado para facilitar sua permanência na Europa. Ela havia deixado o Brasil no início de junho, com passaporte italiano, após sair dos Estados Unidos. Mesmo condenada e com ordem de prisão expedida, ela acreditava que a dupla cidadania a protegeria de ações judiciais brasileiras.

A sentença contra Zambelli foi imposta pela Primeira Turma do STF, que a condenou por atuar junto ao hacker Walter Delgatti na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foram inseridos documentos falsos. O ministro Alexandre de Moraes solicitou sua prisão preventiva e a inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol, que permite a prisão de foragidos em qualquer país signatário.

Com a detenção em território italiano, a Justiça local agora deverá decidir se autoriza a extradição de Zambelli com base no tratado firmado com o Brasil. A atuação de Angelo Bonelli, tanto no rastreamento da parlamentar quanto na pressão sobre o governo italiano, foi decisiva para o andamento do caso e colocou em xeque o uso político da cidadania europeia por aliados do bolsonarismo.