Deputado que chamou Moraes de “lixo” e “canalha” pede desculpas em carta

Atualizado em 19 de junho de 2025 às 15:07
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) entregou uma carta escrita à mão ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que pede “perdão” por ataques. Em 2020, o parlamentar participou de duas lives nas redes e chamou o magistrado de “lixo”, “canalha”, “vergonha”, “esgoto” e “déspota”.

Segundo a coluna de Malu Gaspar no jornal O Globo, o deputado, que é ex-bolsonarista, entregou a carta com a retratação pessoalmente a Moraes e conversou com o ministro por cerca de 15 minutos em seu gabinete na Corte.

Na época dos ataques, o deputado era vice-líder do governo Jair Bolsonaro e foi alvo de decisões de Moraes, como a quebra de seu sigilo bancário. Ele também se revoltou com a proibição de que o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio de usar as redes sociais.

Otoni foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de cometer difamação, injúria e coação no curso do processo e, em 2023, o STF aceitou a denúncia, tornando-o réu. O julgamento ainda não tem data para acontecer.

Na carta, Otoni afirma ter se sentido “tomado de forte emoção” ao saber da decisão judicial e que reagiu por impulso. “Naquele momento, vi minha honra como político, pastor e chefe de família sendo exposta à opinião pública… acabei me dirigindo a Vossa Excelência com um nível de desrespeito que me envergonho hoje”, escreveu.

Otoni de Paula e Jair Bolsonaro, então presidente, em 2019. Foto: Reprodução

O deputado ainda citou sua vida religiosa para reforçar que está arrependido. “Sou pastor há mais de 30 anos das Assembleias de Deus… tal comportamento e vocabulário ofensivo são inaceitáveis pela Igreja, mas fui vencido pelo destempero e seduzido por aquele momento de ataque às instituições”, prosseguiu.

O ex-bolsonarista diz que sabe que o caso pode fazê-lo perder o mandato e acabar com sua carreira política. Por isso, pede para que o ministro não o faça “viver essa vergonha diante dos filhos e da Igreja”.

“Tenho plena consciência do erro… O ministro foi muito gentil. Acredito que houve o encontro de dois seres humanos que entenderam que, debaixo de tensões, a gente pode cometer erros”, disse Otoni após o encontro com Moraes.

O parlamentar diz que Moraes sinalizou a possibilidade da criação deu m acordo de não persecução penal e prometeu que só faria críticas ao magistrado no campo institucional. “Disse ao ministro que continuaria me posicionando contra decisões que não concordo… mas sem ataques pessoais”, acrescentou.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.