Os deputados Erika Hilton (Psol-SP) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) apresentaram à CPMI do 8 de janeiro requerimentos para convocar evangélicos que, em depoimento à Polícia Federal, afirmaram que viajaram a Brasília para participar dos ataques a Brasília em ônibus organizados por igrejas. Vieira é da Igreja Batista do Caminho. A informação é do colunista Aguirre Talento, do portal Uol.
Na manhã deste sábado (3), o deputado do Psol se manifestou sobre o assunto e a motivação para ter protocolado o requerimento com Erika. “Na #CPMIdoGolpe, poderemos distinguir as pessoas que têm uma fé generosa, amorosa e pacífica, daquelas que sequestram a religião, a espiritualidade e a crença para legitimar seus projetos de poder, violência e destruição da democracia!”, escreveu.
Moradores de Sinop
Em depoimentos à PF em março, pessoas que participaram da invasão dos prédios dos Três Poderes afirmaram que igrejas evangélicas financiaram ônibus e organizaram caravanas para os atos golpistas, segundo reportagem do mesmo colunista. Pelo menos cinco pessoas presas no acampamento montado no quartel-general do Exército teriam citado a participação de igrejas.
Na ocasião, os depoentes procuraram evitar entrar em detalhes. Dois deles, moradores de Sinop (MT), aparecem entre os que citam as igrejas. Jamil Vanderlino relatou ter viajado em “ônibus financiado por igreja evangélica”. Mas não respondeu a perguntas e fez “uso de seu direito de permanecer calado”, segundo o termo do depoimento.
A também moradora de Sinop (MT) Sirlei Siqueira declarou que viajou em “excursão da Igreja Presbiteriana Renovada”. Da cidade do Mato Grosso saíram inúmeros invasores que se tornaram réus. Sirlei também não entrou em detalhes. A reportagem do Uol, à época, ouviu a igreja. A instituição respondeu que seus pastores não participaram dos atos do dia 8 de janeiro. Declarou ainda desconhecer quem teria organizado a excursão.
No batalhão do Exército
O aposentado de Uberlândia (MG) Edinilson Felizardo da Silva disse ter recebido oferta de um pastor enquanto participava de manifestação em um batalhão do Exército na cidade. “Informa que teria conversado com um pastor, que não se recorda o nome, que teria conhecido próximo ao Quartel em Uberlândia, e ele informou que o interrogado poderia ir no ônibus de graça para Brasília”, relata o preso, segundo o termo do depoimento da PF.
Edinilson, Sirlei Siqueira e Jamil Vanderlino foram incluídos no Inquérito 4921, do Supremo Tribunal Federal, por participar do 8 de janeiro. Segundo o tribunal, eles se tornarão réus por incitação ao crime (artigo 286, parágrafo único, do CP) e associação criminosa (artigo 288).
A CPMI do 8 de janeiro foi instalada no dia 25 de maio. O deputado federal Arthur Maia (União-BA) foi designado para a presidência do colegiado, enquanto a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) é a relatora.
Publicado originalmente em Rede Brasil Atual