A Câmara dos Deputados registrou discursos transfóbicos no plenário da Casa em pelo menos sete oportunidades desde o início da atual legislatura. Um levantamento do jornal O Globo mostrou que, apenas em fevereiro, um comentário preconceituoso foi feito a cada duas sessões. Muitos dos casos não ganharam repercussão.
Uma das situações mais emblemáticos foi do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca no plenário da Câmara, em 08 de março, quando foi celebrado o Dia Internacional da Mulher.
Foram analisadas 51 horas de gravação de 11 sessões do plenário, entre 2 e 28 de fevereiro. Entre os parlamentares que fizeram comentários preconceituosos, três são filiados ao PL, um ao PP, uma ao Novo e um ao Republicanos. O primeiro caso identificado foi do deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que em 7 de fevereiro questionou o uso de linguagem neutra pelo governo. “Todes? A nossa gramática é muito clara: todos englobam todos, não precisa de ‘todes'”, disse ele.
É celebrado, em junho, o Mês do Orgulho LGBTQIAP+. Para Duda Salabert (PDT-MG), primeira pessoa trans eleita para uma vaga na Câmara, junto com Erika Hilton (PSOL-SP), há uma estratégia política de parlamentares da extrema-direita, especialmente em ações como a de Nikolas:
“Eles usam a questão trans como cortina de fumaça para evitar discutir questões fundamentais para o Brasil e conseguir engajamento nas redes, já que esse tema historicamente é tratado como polêmico. A ultradireita está discutindo qual banheiro as travestis vão usar e a presença da população trans no esporte. Mas o que nós queremos é primeiro discutir questões essenciais para a gente, que são emprego, escola e saúde”, destaca a parlamentar.
