
O deputado Guilherme Derrite (PP-SP) joga com a ignorância da média da população para causar confusão e fazer avançar os planos da extrema-direita na área da segurança na Câmara.
Primeiro, o relator do Projeto Antifacção difunde a ideia de que a direita combate terroristas. A população associa a ação de traficantes ao terror. E assim, como combatentes de terroristas, o discurso fica fácil para o bolsonarismo.
A outra confusão é provocada pela ideia de que os Estados têm condições de enfrentar o crime organizado e que a Polícia Federal pode ser chamada como força auxiliar. Se for chamada.
Assim, governadores de direita, que são maioria no país, assumiriam o “controle” total do combate aos grandes criminosos. Mas que história é essa, se eles não enfrentam nem a bandidagem comum?
Por que afastar a PF? Por que tentar convencer a população de que os Estados serão mais rigorosos com o crime organizado do que uma força federal?
A resposta é óbvia. Os Estados querem dominar o campinho. Vão dar a entender que combatem bandidões, mas sem a PF por perto. Poderão fazer o que o Rio fez no Complexo do Alemão e na Penha.
Os Estados querem impor a estratégia de Cláudio Castro: cerco, conflito e matança. Mas só dos manezinhos do tráfico. Foi assim que aconteceu a chacina no Rio.
Não há um traficante importante preso ou morto. Matar é o que provoca comoção e apoio popular, mesmo que o morto seja o ajudante do ajudante do traficante.

A Polícia Federal não deve se meter nessa estratégia. O fascismo propõe, descaradamente — pelo que defende Guilherme Derrite na Câmara —, que o controle da “guerra” ao tráfico seja total e absoluto da extrema-direita nos Estados.
Derrite está tentando o quê? Quer proteger governadores, por saber que, em 2026, a PF vai fechar o cerco e identificar a relação do crime organizado com as estruturas dos governos e da política? Quer proteger os negócios do crime organizado com o mercado financeiro da Faria Lima?
A proteção seria bem mais ampla. Derrite sabe que a determinação de Alexandre de Moraes para que a PF investigue essa relação no Rio chegará, em algum momento, a outros Estados. Derrite está se puxando.