Derrite não tem ideia de como o PCC opera, mostra Tabata Amaral

Atualizado em 8 de outubro de 2025 às 9:15
Guilherme Derrite durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes – Foto: Reprodução

Na terça-feira (8), por meio de post no X, Tabata Amaral detonou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, por afirmar que o PCC não poderia estar envolvido nas mortes por metanol porque “bebidas não dão tanto lucro quanto a cocaína”. Segundo a deputada, a fala mostra que Derrite “não tem a menor ideia de como o crime organizado opera”. A parlamentar afirmou que o PCC atua como um “conglomerado empresarial do crime”, com lucros bilionários em áreas como drogas, combustíveis e bebidas falsificadas.

A coisa tá feia — e é bem mais grave do que parece.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o PCC não poderia estar envolvido com as mortes por metanol porque bebidas não dão tanto lucro quanto a cocaína.

Sim, o homem responsável por comandar a segurança do nosso Estado não tem a menor ideia de como o crime organizado opera.

O PCC não é mais uma quadrilha de esquina. É um conglomerado empresarial do crime.

Eles não “migram” de um negócio para outro — mas sim diversificam o portfólio, como qualquer grande grupo econômico.

Atuam ao mesmo tempo em drogas, combustíveis, bebidas, garimpo ilegal e contrabando. Usam e abusam de estelionato digital e lavagem de dinheiro por meio de criptomoedas.

O erro do secretário é grosseiro. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que bebidas falsificadas/contrabandeadas moveram R$56,9 bilhões, é o segundo maior mercado explorado pelas facções, atrás só de combustíveis.

Ou seja: bebida falsificada dá lucro, e muito.

O comércio de bebidas falsificadas ou contrabandeadas é mais lucrativo que o tráfico de cocaína

O estudo mostra que facções e milícias controlam rotas e distribuidores de bebidas contrabandeadas ou adulteradas, explorando brechas de fiscalização e lavando dinheiro com o produto.

Ainda não é possível afirmar que o PCC está envolvido na crise do metanol.

Mas essa pressa do Tarcísio e do Derrite em negar o envolvimento da facção — antes mesmo de as investigações terminarem — é imprudente, é irracional.

Quem lidera a segurança pública precisa agir com método e evidência.

Talvez esse despreparo explique por que o próprio governo reduziu pela metade o orçamento de combate ao crime organizado para o próximo ano.

Ignorar a economia do crime é a forma mais eficiente de fortalecê-lo.

E, se o governo Tarcísio continuar tratando o PCC apenas como traficantes de drogas, São Paulo vai descobrir, da pior forma, quanto custa essa ignorância.