Desconvocação de Antony foi justa, mas demorada. A CBF já puniu atletas por muito menos

Atualizado em 4 de setembro de 2023 às 18:04
Jogador Antony. Foto: Getty Images

As agressões de Antony, jogador do Manchester United, à DJ Gabriela Cavallin, sua ex-namorada, em matéria do portal UOL que mostra os ossos dos dedos das mãos de Gabriela lesionados são aterradoras, mas levantam um questionamento para a CBF e a Seleção Brasileira, da qual o jogador é peça frequentemente convocada: o que para eles é considerada uma conduta grave o suficiente para ser cortado do time?

Tardiamente, Antony foi desconvocado da Seleção Brasileira para os dois primeiros jogos das Eliminatórias da Copa de 2026, contra Bolívia e Peru. Mas essa desconvocação só aconteceu por pressão na mídia especializada e redes sociais. O processo contra o atacante por agressão já corre desde o primeiro semestre deste ano, mas não havia sido um impeditivo para ele ser convocado em jogos anteriores do Brasil. A mesma coisa não aconteceu com outros jogadores.

Na mesma convocação para os dois jogos iniciais das Eliminatórias, Lucas Paquetá, meia do West Ham, da Inglaterra, teve seu nome ligado a uma investigação sobre esquemas de apostas, em especial por causa de um jogo em que ele tomou um cartão amarelo suspeito. Paquetá, titular do Brasil no Mundial do Catar, continua atuando normalmente pelo time londrino, mas a revelação da investigação tirou seu nome da primeira lista de Diniz.

Gabriela Cavallin expôs marcas de agressão nas redes sociais. Foto: Reprodução

Outro caso, ainda mais surreal, envolve o zagueiro Gabriel Magalhães, do Arsenal, também da Inglaterra. Segundo Juninho Paulista, antigo diretor de seleções da CBF durante o período em que Tite foi treinador, o jogador perdeu espaço na Seleção e, consequentemente, seu lugar na Copa, por recusar a convocação para os jogos contra Chile e Bolívia, pelas duas últimas rodadas das Eliminatórias do Mundial do Catar. O motivo? Gabriel queria acompanhar o nascimento de seu primeiro filho.

A coisa fica ainda mais surreal quando pensamos que o Brasil garantiu vaga na Copa do Catar com sete rodadas de antecedência e esses jogos, na prática, não valiam muita coisa. Mas Gabriel, por querer acompanhar sua esposa em um momento único para o casal, perdeu seu lugar na Copa do Mundo por isso.

Por conta de tudo isso, fica no mínimo estranho justificar que a convocação de Antony seja mantida. Seu caso é gravíssimo, merece investigação e todo o tratamento necessário à vítima. E, decididamente, não dá para ter com a camisa da Seleção Brasileira num momento assim, alguém envolvido num caso desses. Só que a CBF pensa diferente. E de uma maneira muito estranha.

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Luan Araújo
Jornalista formado em 2012, morador da periferia da Zona Leste de São Paulo, sambista e corintiano.