Desembargador de SC é alvo de operação da PF por envolvimento em trabalho escravo

Atualizado em 6 de junho de 2023 às 13:09
O desembargador Jorge Luiz Borba, do TJ-SC, foi alvo de busca e apreensão por suspeita de envolvimento em trabalho escravo. Foto: Reprodução

A Polícia Federal realizou buscas nesta terça (6) contra o desembargador Jorge Luiz Borba em Florianópolis (SC) por suspeitas de envolvimento em trabalho escravo. A ação foi acompanhada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho, que investiga o crime em todo o Brasil.

Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) desde 2008, ele é suspeito de, junto com a esposa, manter uma mulher surda e muda em condições análogas à escravidão por 20 anos para realizar serviços domésticos sem ter registro formal de emprego, não receber salário ou benefícios trabalhistas. Ela ainda seria vítima de maus tratos do casal e viveria em condições precárias.

“Além disso, a trabalhadora seria vítima de maus tratos em decorrência das condições materiais em que vive e em virtude da negativa dos investigados em prestar-lhe assistência à saúde”, diz o Ministério Público Federal (MPF). Segundo o órgão, ela nunca teve acesso a educação formal e não tem convívio social adequado.

Em nota, o MPF ainda afirma que há relatos de testemunhas sobre “trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes”. Na decisão contra o desembargador, também foi autorizado o resgate da vítima.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) afirmou que o caso está sob sigilo e que acompanha o cumprimento das diligências junto da PF. A defesa do desembargador e o TJ-SC não se manifestaram sobre o caso. Borba é graduado em Direito pela Universidade Regional de Blumenau e pós-graduado em Direito do Trabalho pela mesma instituição.

Leia a nota do MPF na íntegra:

A pedido do MPF,  Polícia faz buscas em endereço de desembargador suspeito de manter trabalhadora em condição análoga à escravidão

Conforme representação, trabalhadora, que é surda e muda, reside na casa do magistrado há pelo menos vinte anos sem receber salário e assistência à saúde

Em decorrência de pedido apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal  cumpre, nesta terça-feira (6), mandados de busca e apreensão autorizados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ)  em Florianópolis. A medida tem o objetivo de apurar suspeitas de que um  desembargador e a esposa  mantém trabalhadora doméstica em condição análoga à escravidão. A operação foi deflagrada após diligências empreendidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que reforçaram indícios da prática criminosa que foi relatada ao órgão e confirmadas por testemunhas ouvidas no decorrer da fase inicial da apuração. Os relatos são de trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes.

Conforme as investigações, o casal mantém residindo em sua casa, há pelo menos 20 anos, pessoa que realiza tarefas domésticas das mais diversas, mas não possui registro em carteira de trabalho e não recebe salário ou quaisquer vantagens trabalhistas. Além disso, a trabalhadora seria vítima de maus tratos em decorrência das condições materiais em que vive e em virtude da negativa dos investigados em prestar-lhe assistência à saúde. Ainda conforme relatado na denúncia recebida pelo MPF, a trabalhadora é surda e muda, nunca teve instrução formal e não possui o convívio social resguardado.

As diligências são acompanhadas por agentes do Ministério do Trabalho e dos ministérios Público Federal e do Trabalho. Na decisão que determinou a medida cautelar, já foi autorizado o resgate da trabalhadora e a emissão das guias para a quitação das verbas trabalhistas devidas.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.