
A segunda fase da Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (16), colocou no centro das investigações o desembargador federal Macário Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
A prisão do magistrado é apontada como o primeiro grande desdobramento da análise do celular apreendido com o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), preso no início do mês e solto dias depois por decisão do plenário da Casa.
Segundo Octávio Guedes, da GloboNews, a PF decretou a prisão de Macário com base em indícios de troca de mensagens envolvendo autoridades e o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, que resultou na prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, acusado de ligação direta com o Comando Vermelho.
Macário é o relator do caso de TH Joias no TRF-2 e teria atuado, de acordo com os investigadores, para favorecer interesses do grupo criminoso.
No momento da prisão, o desembargador foi detido em sua residência, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A ação faz parte do cumprimento de um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com alvos no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Rodrigo Bacellar, embora solto, também é alvo de buscas nesta nova fase da operação.
A investigação ganhou força após a Polícia Federal conseguir acessar o celular de Bacellar, apreendido no dia 3, quando ele foi “convidado” para uma reunião com o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão, e recebeu voz de prisão ao chegar à sede da corporação.

Na ocasião, Bacellar se recusou a fornecer a senha do aparelho. Ainda assim, os investigadores conseguiram desbloquear o conteúdo, o que passou a gerar apreensão entre políticos fluminenses.
Os agentes acreditam que Bacellar não teve tempo de apagar conteúdos sensíveis. Como indício dessa despreocupação, a PF destaca o fato de o então presidente da Alerj ter sido levado à superintendência em um carro oficial onde foram encontrados R$ 90 mil em espécie, quantia cuja origem ele se recusou a explicar.
De acordo com a Polícia Federal, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro.
Moraes afirmou haver “fortes indícios” de que o ex-presidente da Alerj atuou para obstruir investigações envolvendo facção criminosa, inclusive com influência sobre o Poder Executivo estadual. Em trecho da decisão, Moraes escreveu que os fatos indicam risco de “continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”.