Desembargador que estava em motociata de Bolsonaro no RS proibiu imprensa de cobrir voto de Dilma em 2016

Atualizado em 12 de julho de 2021 às 16:21
O desembargador Niwton Carpes da Silva, do TJ-RS

Jair Bolsonaro reuniu militantes para um passeio de moto em Porto Alegre na manhã de sábado (10). Dois helicópteros acompanharam o percurso.

A motociata foi o fracasso de sempre, com direito à prisão de uma manifestante que batia panela contra o sujeito.

No final, ele fez mais um discurso radical e repelto de fake news.

Atacou novamente o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, presidente do TSE. Segundo Bolsonaro, Barroso defende uma lei que “beira a pedofilia”. Detonou o voto eletrônico e as pesquisas.

“Aquele de nove dedos tem 60%, segundo o DataFolha, vamos fazer o voto impresso e auditável da deputada Bia Kicis, que está aqui, para ver se ele ganha realmente no primeiro turno”, falou.

Entre os motoqueiros, estava Niwton Carpes da Silva com uma linda máquina, cachecol com as cores da bandeira nacional e decalque no capacete.

Silva é desembargador do TJ-RS. Foi professor na Universidade de Cruz Alta, UNISC, em Santa Cruz, Ulbra, na Escola Superior da Magistratura, na Escola Superior da Defensoria Pública e no Instituto de Desenvolvimento Cultural.

Em outubro de 2016, atuando na 160ª zona eleitoral da capital gaúcha, ele impediu jornalistas de registrarem o voto de Dilma Rousseff.

A imprensa, que esperava a chegada de Dilma na Escola Santos Dumont, foi informada que, por uma decisão de Silva, os jornalistas não poderiam registrar o momento.

A justificativa apresentada foi a de que, por ser uma “cidadã comum”, ela deveria votar desacompanhada. Houve tumulto e empurra-empurra. Na confusão, uma porta de vidro foi quebrada. 

Silva deixou clara sua posição política no Twitter em diversas ocasiões.

“Ela (Dilma) é tão incompetente e desesperada que não tem condições de autocrítica. O esquerdismo radical perdeu o trem da história”, escreveu.

Em 15 de abril daquele ano, cravou que o governo federal havia afundado “num mar de corrupção” e que a ideia de convocar novas eleições representava um golpe à Constituição.

Em 27 de março, afirmou o seguinte: “Os petistas ainda continuam com a deslavada pachorra de falar em golpe… E as pedaladas, a corrupção e doações ilegais onde ficam???”.

A conta foi desativada. Não se sabe se ele estava presente no discurso de Bolsonaro espicaçando um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Postagem de Niwton Carpes detonando Dilma em 2016