Desemprego ‘estatístico’ vai a 14,3%. O real, passa de 21%. Por Fernando Brito

Atualizado em 18 de setembro de 2020 às 21:57
Carteira de trabalho. Foto: ARQUIVO EBC

Publicado originalmente no Tijlaço:

Por Fernando Brito

Diz, com razão, o IBGE de que os índices de desemprego da pesquisa que divulga hoje – um levantamento especial, criado em maio para a companhar a pandemia, não pode ser comparado aos índices levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar contínua.

De fato, porém, mesmo considerando amostras quantitativamente diferentes e, como é da tradição deste pipo de pesquisa, a substituição apenas de uma parte da base de informações, o que está revelado nos números expostos hoje é o que, desde o início da crise da Covid 19, a subida dos números do desemprego só iriam subir muito adiante, pela simples razão de que são apurados com a pergunta sobre se o entrevistado procurou conseguir trabalho nos trinta dias anteriores.

E é óbvio, durante o período mais agudo da pandemia ninguém sairia a procurar os empregos que não havia.

Ainda assim, este número subiu para 13,7 milhões, ou 14,3% da força de trabalho do país.

Ainda assim, o crescimento de 1,1 milhão de pessoas desocupadas (porque isso inclui emprego e “viração”) é um sinal que pouco temos de “recuperação” de fato, além dos índices positivos que são apenas “redução dos prejuízos”.

Mas há outro dado preocupante, porque este primeiro seria apenas o aumento das pessoas que procuram emprego. Mas a quantidade de pessoas que estão desocupadas e não começaram, por qualquer razão, a procurar trabalho, não baixou, o que significa que o total de pessoas desocupadas de fato seguiu aumentando, já em plena , em tese, retormada das atividades, pois a pesquisa refere-se à ultima semana de agosto.

De fato, economistas ouvidos pela Folha estimam que, se não houvesse o crescimento do desalento provocado pela pandemia, a taxa de desemprego, hoje, seria de 21,5, tomado como referência o nível de atividade de fevereiro deste ano.

É sobre este contingente imenso de cidadãos que passa a incidir, a partir deste mês, a redução à metade do auxílio-emergencial que virará zero no final do ano.

Ou melhor, é sobre um número ainda maior, porque esta terminando a vigência dos acordos que permitem a reduçaão de salário e jornada, com a compensação pelo Estado de parte da renda de trabalhadores.