Desgaste de Doria no interior de SP faz tucanos históricos abraçarem Skaf. Por José Cássio

Atualizado em 22 de agosto de 2018 às 15:42
João Doria Jr. (PSDB). – Miguel Schincariol 21/11/2016 / AFP

O clima de fim de feira representado pela posse de Aldo Rebelo na secretaria da Casa Civil do governo de São Paulo, na tarde desta quarta-feira, 22, ajuda a explicar os motivos que levam João Doria, líder nas pesquisas de intenção de votos no Estado, a ter calafrios a cada vez que ouve o nome do adversário do PMDB, Paulo Skaf.

Aldo, ex-ministro de Lula e Dilma, chega para tentar dar um mínimo de dignidade a um projeto político que se for chamado de “voo de galinha” vira case de fake news por propaganda enganosa.

Seu chefe, Márcio França, não conseguiu convencer como governador, tampouco como candidato à reeleição. É certo que herdou uma máquina viciada e parada no tempo – para ficar num exemplo, a capital do Estado virou um cemitério de obras inacabadas do metrô.

Nem as promessas mais simples França conseguiu entregar. Seu plano de reeleição se baseava em envolver prefeitos com a promessa de levar asfalto às pequenas cidades. Complementando, contava que a rejeição de João Doria na capital fosse se espalhar pelo interior.

Numa escala de 0 a 100, a estratégia funcionou pela matade, com resultados práticos na casa de um dígito.

O asfalto não chegou por causa de problemas administrativos decorrentes da legislação eleitoral e João Doria de fato está sendo visto com desconfiança pelos prefeitos, mas estes estão correndo em direção oposta a França, no caminho de Paulo Skaf.

Com França na posição de morto-vivo eleitoral, Doria tenta conter a sangria, mas seu staff é só preocupação.

Se em São Paulo sua rejeição está relacionada ao fato de ter abandonado a prefeitura, no interior o problema é outro: a certeza de que é um traidor, pelo que fez com seu padrinho político Geraldo Alckmin.

– É um coquetel de problemas bem complicado de resolver, disse ao DCM uma fonte do PSDB que pediu para não ter o nome identificado. Os prefeitos não aceitam o que ele fez. Para essas pessoas, Doria enterrou o sonho de Geraldo chegar à presidência. E isso não tem perdão.

É nessa conjuntura que Paulo Skaf, o aliado de Temer,  desponta, propondo o que chama de “alternância segura” de poder e foco em projetos voltados à Educação, baseados em sua experiência nas escolas do sistema Sesc, Senac, Senai e Sesi.

O desafio de superar o ônus do isolamento político por pertencer ao grupo de Temer vem sendo trabalhado junto a antigos peemedebistas e hoje tucanos historicamente inimigos de Doria.

Dois deles: Alberto Goldman e Aloysio Nunes. À dupla some-se Gilberto Kassab, dono do PSD.

Semana passada, o ministro da Ciência e Tecnologia chamou Marcelo Barbieri para um café. Queria incentivar o ex-prefeito de Araraquara, que assumiu a vaga de Marta na corrida ao senado. Goldman já não esconde que em Doria não vota de jeito nenhum. E Aloysio mexe nos bastidores em favor de Skaf.

Na solenidade de posse desta tarde, Aldo Rebelo vai poder exercitar o que sabe fazer de melhor: fingir que está tudo ok.

Márcio França por sua vez mantém a ginástica para continuar no jogo, mas o que resta desse fim de feira é uma certeza, adornada por um detalhe.

A certeza é a de que o condomínio paulista vai continuar na mãos dos mesmos.

O detalhe é saber se o mascote continuará na figura de um Tucano ou será substituído pelo Pato.