
Bruna Ferreira, brasileira detida pela imigração dos Estados Unidos e ex-cunhada da porta-voz de Donald Trump, Karoline Leavitt, contestou publicamente a versão do governo norte-americano sobre sua detenção e histórico no país, em entrevista ao Washington Post.
Atualmente, Bruna encontra-se em um centro de detenção na Louisiana, enfrentando o risco de deportação para o Brasil, embora tenha morado nos Estados Unidos desde os 6 anos de idade. Ela é mãe de um menino de 11 anos, fruto de seu relacionamento com Michael Leavitt, irmão de Karoline Leavitt, e mora em New Hampshire. Durante a entrevista, Bruna compartilhou fotos de família e relatou que, em algum momento, considerou Karoline uma irmã.
Em 12 de novembro, ela foi detida pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) enquanto ia buscar o filho na escola. Bruna foi presa sob acusação de estar ilegalmente no país, mas defende que está sob a proteção do DACA, um programa criado na gestão Obama para regularizar o status de pessoas que chegaram aos EUA quando crianças. A Casa Branca, entretanto, a descreveu como uma criminosa e afirmou que ela seria uma mãe ausente na vida do filho.
Bruna refutou essas acusações, alegando que sempre manteve uma convivência próxima com o filho e com a família Leavitt. Ela explicou que, antes da prisão, administrava dois negócios e tinha um envolvimento ativo na vida escolar do filho, levando-o para a escola, participando de jogos e realizando diversas outras tarefas de mãe.
A detenção gerou polêmica e questionamentos sobre os motivos que levaram o ICE a prendê-la, com advogados apontando vídeos que mostram os agentes à sua procura no momento da prisão. Segundo seu advogado, Todd Pomerleau, Bruna não tem histórico criminal. O DHS (Departamento de Segurança Interna dos EUA) citou um incidente de 2008, quando Bruna, aos 16 anos, foi chamada a um tribunal para responder por uma briga de menores, mas o caso foi arquivado e não resultou em prisão.
Em relação ao histórico com o ex-companheiro, Bruna revelou que Michael, o pai de seu filho, havia ameaçado deportá-la em diversos momentos, inclusive antes do término do relacionamento. Documentos judiciais de 2015 indicam que Michael tentou obter a guarda exclusiva do filho, fazendo acusações de agressão contra Bruna. Ela, por sua vez, o acusou de abuso e de ameaçar contactá-la com a imigração.
Enquanto está detida, Bruna compartilhou detalhes do tratamento recebido. Ela relatou ter sido transportada de forma desumana para diversos estados, antes de ser levada para a Louisiana, onde aguarda a decisão sobre sua deportação. Durante sua detenção, outras mulheres no local lhe fizeram perguntas sobre sua relação com Karoline Leavitt, perguntando se sua prisão teria sido uma ação da ex-cunhada.
O caso continua a repercutir nos Estados Unidos, com a sociedade questionando a atuação das autoridades em sua detenção e os possíveis motivos por trás da decisão de deportá-la.