Dez anos após Copa, estádios definham e dão prejuízo Brasil afora

Atualizado em 22 de junho de 2024 às 19:52
Mineirão Foto: Divulgação

Dez anos após a Copa do Mundo de 2014, os estádios construídos ou reformados para o torneio enfrentam diversos desafios estruturais e financeiros. Muitas dessas arenas estão buscando alternativas para manter sua viabilidade financeira, incluindo a expansão de atividades além do futebol e a venda dos direitos sobre os nomes das arenas para empresas privadas. É o que mostra levantamento da Folha de S. Paulo.

A situação é especialmente crítica em cidades com menor tradição no futebol. Em Manaus, a Arena da Amazônia teve sua energia cortada em janeiro de 2023 devido a uma dívida de R$ 39 milhões com a concessionária de energia local. Com o acesso do Amazonas à Série B do Campeonato Brasileiro, o número de jogos aumentou, mas ainda há uma carência de eventos fora do futebol.

A Arena Pernambuco, que gerava um prejuízo mensal de R$ 400 mil em 2023, tenta sair da adversidade. Desde 2016, após o rompimento do contrato com a Odebrecht, o governo de Pernambuco arca com um pagamento mensal de R$ 3 milhões à construtora.

Marcos Nunes, diretor da arena, informou que houve uma redução de despesas em 25% e um aumento nas receitas de 220% em 2023, comparado ao ano anterior. Atualmente, o estádio recebe jogos do Retrô e do Sport, além de eventos diversos.

Em Brasília, o estádio Mané Garrincha, renomeado para Arena BRB Mané Garrincha, foi repassado à iniciativa privada em 2020. Apesar de receber partidas do Campeonato Brasiliense, o futebol representa menos de 10% da receita da arena.

Grandes shows e eventos como a Campus Party e a Casa Cor são as principais fontes de receita. Além disso, a arena se transformou em um centro comercial com escritórios e restaurantes, e há planos para a abertura de um shopping center.

A Arena Pantanal, utilizada principalmente pelo Cuiabá, enfrenta o desafio de atrair grandes públicos. Em 2024, a média de torcedores nos jogos foi de 2.772 por partida. O estádio está sob a gestão compartilhada entre o clube, que cuida do gramado, e o governo estadual, responsável pela manutenção geral.

Neo Química Arena. Foto: Divulgação

A Arena das Dunas, em Natal, e a Fonte Nova, em Salvador, venderam os direitos de uso de seus nomes para a empresa Casa de Apostas. O contrato em Natal é válido até 2029, com valor de R$ 6 milhões, enquanto o acordo com a Fonte Nova tem duração de quatro anos e um ganho de R$ 13 milhões por ano.

A Fonte Nova, gerida por um consórcio privado, tem uma média de público de 33.439 torcedores por jogo e também recebe shows e eventos corporativos.

A Arena Castelão, com capacidade para 63.900 pessoas, teve uma média de 31.501 torcedores por jogo em 2023. O principal ponto de críticas é o gramado, devido ao alto número de jogos do Ceará e do Fortaleza. O governo do Ceará realiza manutenções periódicas no campo.

A Arena da Baixada, do Athletico Paranaense, teve uma reforma custosa que resultou em briga judicial entre o governo do Paraná, a prefeitura de Curitiba e o clube. A solução para o impasse foi alcançada apenas recentemente. Em 2023, as receitas obtidas pelo uso do estádio chegaram a R$ 77 milhões.

O Mineirão, palco do histórico 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, recebeu 29 finais de competições desde 2013 e será sede da Copa do Mundo Feminina em 2027. Entre 2013 e 2023, mais de mil eventos foram realizados no estádio, com um público total de quase 5 milhões de pessoas.

O estádio do Corinthians, com a melhor média de público entre as arenas da Copa em 2023 (38.265 pessoas por jogo), enfrenta dificuldades financeiras devido a uma dívida de R$ 700 milhões com a Caixa Econômica Federal pela construção. A diretoria negocia um novo fluxo de pagamento para a dívida.

O Beira-Rio, a obra mais barata entre os estádios do torneio, enfrenta a necessidade de uma nova reforma devido às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. O prejuízo inicial é estimado em R$ 35 milhões.

O Maracanã, palco da final de duas Copas do Mundo, passou por diversas reformas e atualmente é administrado por Flamengo e Fluminense. O estádio, com um custo de R$ 2,11 bilhões para os preparativos do Mundial de 2014, enfrenta a ameaça de esvaziamento de eventos devido à construção e reforma de novos estádios no Rio de Janeiro.

Dos 12 estádios que sediaram o Mundial de 2014, apenas os de Natal e Curitiba não terão jogos na Copa do Mundo Feminina de 2027.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link