Conheça as duas médicas cubanas que estão há 4 meses trabalhando na cidade mais pobre do Brasil, parte 2

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:28
Alice (dir.) com as Maribeis
Alice (dir.) com as Maribeis

 

Alice Riff continua com suas aventuras em Melgaço, no Pará, cidade que recebeu quatro cubanos do programa Mais Médicos. 

A série de reportagens é resultado do primeiro projeto de crowdfunding do DCM. Foi totalmente financiada por nossos leitores. 

Alice está acompanhada de Thiago Carvalhaes, na câmara, e Thiago de Luccia, médico de familia e comunidade.

 

Maribel Herrera e Maribel Saborit estão há quatro meses em Melgaço. Toda a cidade conhece as cubanas. Sabem onde elas moram, as cumprimentam nas ruas.

As “Maribeis” nao se conheciam antes de chegar aqui e agora dividem uma casa bem ajeitadinha, que fica em uma vila. Uma sala com cozinha integrada, a bandeirinha de Cuba no centro da mesa, e dois quartos, um para cada. As janelas estão sempre fechadas com o ar condicionado ligado, para aguentar o calor. Acabo de ver a temperatura: 36 graus.

Fui tomar um cafezinho na casa das Maribeis agora à tarde. As duas sofriam com a conexão de Internet – eu mesma já desisti. Tenho usado somente o telefone e as mensagens de texto. A internet é lentíssima, quase insuportável. Mas as duas eram persistentes. É o principal meio de comunicação. Elas disseram que 2 minutos de ligação para Cuba por telefone custam 10 reais, então ligam muito pouco.

Enquanto uma Maribel tentava enviar um email e me mostrar uma foto no Facebook, a outra preparava um café. “Forte. Aqui o café que eles tomam parece àgua quente com sabor de café. Não gostamos”. Concordei com elas. Estava com saudade do café forte…

Perguntei das comidas e elas disseram que, em geral, há tudo de que gostam, mas nenhuma das duas incorporou no dia a dia o açaí com farinha.

Completado um ano no Brasil, elas terão um mês de férias em Cuba. Conversando com elas sobre as famílias, percebi o quanto estão isoladas e o quanto acreditam no que estão fazendo. Não só as médicas, mas seus maridos e filhos, que as incentivaram.

Sempre com um sorriso no rosto, as Maribeis já me disseram algumas vezes da satisfação que é para elas contribuir com a saúde de um dos municípios mais pobres do Brasil e assim também contribuir com a saúde cubana. E que a saudade é grande, mas a missão delas é maior.

 

A casa que as cubanas dividem
A casa que as cubanas dividem