Diego Hypólito, o pink money e Bolsonaro: a máscara sempre cai para a direita. Por Nathalí

Atualizado em 25 de novembro de 2019 às 17:55

 

Diego Hypólito, maior nome masculino da ginástica olímpica brasileira, já decepcionou o público LGBTQ+ que mal conquistara, ao posar para uma foto com Jair Bolsonaro – como sabemos, a própria homofobia encarnada.

Mas, calma, ele pode explicar: o presidente convidou-o para uma conversa no planalto e ele só aceitou porque “mesmo sendo gay, se preocupa com o fim do esporte.”

Oi?

Um exemplar comum do cristão que faz concessões morais inimagináveis sempre que isso envolve alguma vantagem – ou aparente vantagem, já que o único ganho de Hypólito ao aceitar esse convite (ao menos até o momento) foi o cancelamento automático de sua carteirinha no vale dos homossexuais.

Criticado pelo público LGBTQ+ – na verdade, pelo público em geral, mas as minorias ficaram especialmente indignadas -, deu uma resposta de doer os olhos: “não sou de direita, nem de esquerda, sou de deus.”

Mas que deus? Se ele estiver falando do deus cristão – tendo a acreditar que sim – há um equívoco em sua crença de pertencimento: quem “é de deus” não posa com homofóbico, racista, corrupto, nepotista e amigo de miliciano.

Por vantagem nenhuma. Nem para si, nem para o papa, nem para o esporte nacional e o escambau.

Além do mais, há tempos as contingências não permitem a ninguém “não ser nem de direita nem de esquerda no Brasil” Na atual conjuntura, quando alguém diz isso, sua máscara invariavelmente cai para a direita.

Num país em que o presidente da República incentiva turismo sexual, homenageia torturadores e insulta mulheres e outras minorias, não existe meio termo.

No Brasil de Bolsonaro, ou se é anti-bolsonarista, ou se está ao lado dele, e, consequentemente, do neofascismo. A julgar pelo feed, Diego fez sua escolha.

Há quem diga que ele pecou por ingenuidade. Duvido muito. Até um completo idiota – aquele que não sabe que ser “de deus” não isenta ninguém de se posicionar politicamente, por exemplo – é capaz de compreender que posar pra uma selfie com Bolsonaro em pleno 2019 pegaria muito mal, no mínimo.

Não adianta fazer comercial de KY pra ganhar o pink money das gays e depois posar com o inimigo número um das minorias porque “se preocupa com o esporte brasileiro.”

Corta essa, bee.

E liga pro Agustin Fernandes porque você vai precisar de um novo amigo rechaçado do clubinho.