Dilma relembra golpe de 2016: “Não foi brando”

Atualizado em 28 de agosto de 2021 às 13:19
Dilma Rousseff em foto
Dilma Rousseff – Jacques Demarthon/AFP

A ex-presidenta Dilma Rousseff falou em entrevista à Focus Brasil sobre o cenário atual do país. Além disso, ela também comentou o golpe que sofreu e foi enfática ao dizer que não foi branco. Diferente do que pintam, a petista lembra que deturparam a lei para tirá-la do poder.

“É preciso entender o jogo. O golpe ocorreu em 31 de agosto de 2016. O que estamos vivendo agora é a possibilidade de um novo golpe baseado nas formas derivadas da guerra híbrida. Lá atrás, houve um golpe parlamentar, judiciário e midiático”, comentou. “Mas, sobretudo, um golpe do setor financeiro, do capitalismo financeirizado. Um golpe neoliberal. Não houve uma intervenção clássica militar, mas uma manipulação das regras legais. Apesar de aparentemente eles respeitarem os procedimentos, desrespeitaram as leis, criando crimes onde não existiam. Ali aconteceu uma ruptura violenta contra o status quo da democracia”.

Foi neste contexto que Dilma falou sobre a dureza do golpe. “Não existe golpe brando, como não existe ditadura branda. O Golpe não só corroeu a democracia, como a gente está vendo. Mas é responsável pelo aumento da pobreza porque antes de começar a pandemia, em 2020, já havia um aumento extraordinário da miséria e os primeiros indícios da fome”, conta.

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Dilma fala do governo

A ex-presidenta foi pergunta sobre o atual governo e foi muito enfática. “Tem coisas que você destrói na natureza que leva décadas e às vezes até séculos para reconstruir. O que eles estão fazendo na Amazônia é um absurdo. Abriram a Amazônia para uma coisa que nós jamais permitimos e nenhum governo anterior: a entrada das grandes empresas mineradoras”, revela.

Mas ela lembrou como chegamos isso. “O que eu chamo de atos. O ato seguinte ao golpe do impeachment foi a prisão do Lula [em abril de 2018]. Ali, o que se queria era inviabilizar a possibilidade dele vir a ser candidato. E, portanto, estaria garantido o processo de reprodução do próprio golpe. Ora, se o Lula é eleito, o golpe seria interrompido”, filosofa.

“Mas, não bastou prendê-lo. Afinal, ele não perdeu a popularidade que desfrutava. Ainda era competitivo. E não perdeu a confiança do povo. Daí então, passa-se a um novo ato do golpe: a interdição de Lula do processo eleitoral”, lamenta. “Ele é condenado, preso e, finalmente, tiraram-no das eleições de 2018. Não pode falar e nem fazer campanha. O golpe foi se aprofundando. E já tinham tirado o gênio da garrafa”

E ela explicou. “Quando digo o gênio da garrafa, eu falo dos militares. Lembra que no governo Temer, deram uma importância grande aos militares, voltando a ter o GSI — entregue ao General Sérgio Etchegoyen —, levando um militar para dirigir o Ministério da Defesa? Isso nunca tinha acontecido. Entregar o Ministério da Defesa a um militar. Nem Fernando Henrique”, finaliza.