Dinheiro nenhum pode curar a ‘tristeza’ mercenária de Cristiano Ronaldo

Atualizado em 15 de setembro de 2012 às 20:30
Ronaldo

Ladies & Gentlemen:

Peço licença para não falar nem do futebol brasileiro e nem do futebol inglês. Quero ir para a Espanha. Quero me deter num jogador em particular: Ronaldo, o camisa 7 do Madrid.

Ficamos sabendo, esta semana, que ele está “triste”. Ronaldo não festejou dois gols num jogo do Campeonato Espanhol. Na saída, disse que estava “triste”, e que o clube sabia por quê.

O mal que assalta a alma de Ronaldo, para mim, tem outro nome: mercenarite. Ronaldo sofreu um acesso de mercenarite – uma vontade patológica de ganhar mais e mais dinheiro.

Ronaldo ganha 10 milhões de euros por ano. Mas Messi ganha 11. Isso parece desesperá-lo. Sua tristeza passaria rapidamente com um reajuste salarial.

Ladies & Gentlemen.

A Espanha está simplesmente arruinada. Metade dos jovens da idade de Ronaldo não tem emprego. Mas em sua mercenarite ele deseja mais de 10 milhões de euros por ano.

Sua doença tem agravantes. Ronaldo é invejoso. Não engoliu não ter recebido o prêmio de Bola de Ouro, dado ao modesto, esforçado, eficiente Iniesta. É muita pequenez de alma para um só jogador. Até Chrissie, minha mulher, que discorda de mim em absolutamente tudo, concorda nisso.

O dinheiro pode muitas coisas, vocês sabem. Podem dar a Ronaldo Ferraris, mulheres lindas e mansões em vários países. Pode dar a ele condições de manter a qualquer preço aquele penteado ridículo.

O dinheiro só não pode comprar, para Ronaldo, uma coisa: sabedoria para curar a mercenarite que o aflige. Por isso, ele está condenado a ser a pior espécie de “triste” – aquele que inspira desprezo e não solidariedade.

All the best.

TRADUÇÃO: ERIKA K. NAKAMURA

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Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.