Dino proíbe governo de repassar emendas para Eduardo e Ramagem

Atualizado em 4 de dezembro de 2025 às 17:14
Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Foto: Divulgação

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quinta-feira (4) que o governo federal está proibido de receber, analisar ou pagar qualquer emenda parlamentar apresentada pelos deputados Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, ambos atualmente nos Estados Unidos.

A decisão atende a um pedido do PSOL e considera que os dois parlamentares, ao permanecerem no exterior, não exercem de fato o mandato, o que invalida suas indicações orçamentárias. Dino afirmou que a atuação dos deputados fora do país afronta os deveres constitucionais, já que o mandato pressupõe presença e exercício contínuo em Brasília.

Para o ministro, permitir que parlamentares sediados permanentemente no exterior emendem o Orçamento representaria violação aos princípios da legalidade e da moralidade administrativa. Ele escreveu que tal situação produz “evidente e insanável impedimento de ordem técnica” e “deformação do devido processo orçamentário”.

A medida tem efeito imediato e foi enviada para análise do plenário do STF, no julgamento virtual previsto para começar em 19 de dezembro. A conclusão, no entanto, ocorrerá apenas após o recesso do Judiciário, em fevereiro.

A decisão foi tomada no âmbito da ação que declarou inconstitucional o orçamento secreto, procedimento que Dino agora usa para monitorar a regularidade no pagamento de emendas parlamentares.

O ministro Flávio Dino. Foto: Divulgação

Uma reportagem do portal do UOL mostrou que Eduardo Bolsonaro e Ramagem indicaram R$ 80 milhões em emendas ao orçamento de 2026, mesmo estando fora do país. Com a decisão do STF, esses valores não poderão ser executados, ainda que sejam emendas impositivas.

“Fica vedado ao Poder Executivo […] receber, apreciar, encaminhar, liberar, executar quaisquer novas propostas ou indicações relativas a emendas parlamentares provenientes” dos dois deputados, escreveu Dino.

Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, exonerado da Polícia Federal e tem ordem de prisão decretada, mas fugiu para os EUA antes do fim do processo. A perda de seu mandato ainda depende de análise da Câmara.

Já Eduardo Bolsonaro é réu por coação, acusado de tentar pressionar autoridades brasileiras por meio de sanções internacionais articuladas nos EUA para evitar a condenação do pai, Jair Bolsonaro, hoje preso após decisão do STF. Os dois parlamentares estão com os salários congelados.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.