
O governo Trump não enviou representantes para a primeira rodada de negociações preparatórias da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). A ausência dos EUA, confirmada pelo presidente da Conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, acendeu um alerta sobre o futuro da cúpula climática, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
O encontro ocorreu na semana passada e tinha como objetivo iniciar consultas para destravar a agenda da Conferência. No entanto, a delegação americana não compareceu. Segundo Corrêa do Lago, o governo brasileiro chegou a enviar, em agosto, uma carta convidando pessoalmente o presidente Donald Trump para a cúpula na Amazônia, mas não obteve resposta.
Um novo teste será no próximo dia 25 de setembro, em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU, quando haverá outra consulta da presidência da COP30. Caso os EUA novamente não participem, será interpretado como um sinal claro de desengajamento do governo Trump em relação ao processo negociador.
“Não temos nenhuma resposta do lado americano e não sabemos ainda como os EUA irão participar”, afirmou o embaixador. “Não participaram das consultas da presidência, que eram abertas.”
Alerta para o futuro da COP30
A ausência dos EUA preocupa especialistas. “Quando um dos protagonistas centrais do drama da mudança do clima já falta no ensaio, não se pode esperar que a COP30 termine com um final feliz”, lamentou Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas.
Nos primeiros dias de sua gestão, em janeiro, Trump anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris. O processo, no entanto, não é imediato e leva meses para ser concluído.

Corrêa do Lago ressaltou que, apesar da ausência do governo central, haverá participação americana em Belém. “Os governos estaduais estão muito comprometidos e teremos uma presença importante”, disse.
“O fato de o governo central não estar participando não significa que os EUA não estejam lá. E isso acentua a relevância da agenda de ação, que é a implementação. É nesse segmento que as entidades subnacionais e o setor privado podem participar”.
Risco de impasse em Belém
Na avaliação do presidente da COP30, será preciso um esforço adicional para evitar que a conferência comece em crise. “A agenda da COP30 precisa ser aprovada por consenso”, alertou Corrêa do Lago.
Ele explicou que alguns temas de interesse de grandes países não têm apoio de todos. Se forem levados ao plenário já no primeiro dia, podem travar a abertura da conferência: “Se não houver um acordo sobre a agenda, a conferência não começa”.
As consultas da presidência têm justamente o objetivo de buscar pontos de convergência: “Estamos fazendo as consultas da presidência justamente para ver de que maneira podemos incorporar as preocupações de alguns países dentro da agenda da conferência, para que ela possa começar construtivamente”, disse o embaixador.
Dois temas são considerados os mais sensíveis: a relação entre comércio e clima e a obrigação dos países desenvolvidos de financiar ações em nações em desenvolvimento. Ambos continuam dividindo posições e serão determinantes para o sucesso da COP30 em Belém.